Isabel Camarinha eleita a nova secretária-geral da CGTP

Escolha foi confirmada nesta madrugada. Maior central sindical é liderada pela primeira vez em 50 anos por uma dirigente mulher.

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Isabel Camarinha no primeiro dia do 14.º congresso da CGTP, no Seixal LUSA/MáIO CRUZ

A dirigente sindical Isabel Camarinha, um nome desconhecido da maior parte da opinião pública, mas com três décadas de experiência sindical, foi eleita na madrugada deste sábado a nova secretária-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP).

O seu nome foi a votos na primeira reunião do novo conselho nacional da central sindical, tendo obtido 115 votos a favor entre os elementos deste órgão da central. Houve 25 votos brancos e um nulo. Minoritária, a corrente socialista tinha proposto como secretário-geral Fernando Gomes, mas, sem surpresa, Isabel Camarinha, da corrente comunista, foi o nome indicado pela nova comissão executiva para ir a votos no conselho nacional.

Camarinha discursa ao final da tarde no encerramento do 14.º congresso da CGTP que decorre desde sexta-feira no Seixal. A sindicalista já fazia parte da comissão executiva desde 2016 — no segundo mandato de Arménio Carlos — e o seu nome foi sugerido para suceder ao anterior secretário-geral na reunião que este órgão teve na última segunda-feira, a última antes do congresso que começou ontem. Na mesma reunião do conselho nacional, que começou na noite de sexta-feira, foi ainda eleita a nova comissão executiva da CGTP, com 134 votos a favor e nove brancos.

Isabel Camarinha, até agora presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), considera uma honra ser a primeira mulher secretária-geral da CTGP, prestes a celebrar 50 anos. “A participação das mulheres tem vindo a aumentar no mundo do trabalho, portanto é natural que assumam funções diversas no movimento sindical”, destacou, citada pela Lusa, depois de conhecidos os resultados da votação.

Além de Arménio Carlos, que sai de secretário-geral aos 64 anos ao fim de dois mandatos, deixam de pertencer à comissão executiva mais nove pessoas, entre os quais estão sindicalistas das várias correntes da Inter e nomes históricos. Saem Deolinda Machado, Graciete Cruz, Carlos Trindade, João Torres, Fernando Jorge Fernandes, Augusto Praça e Carlos João Tomás.

Camarinha tem 59 anos e, como atingirá a idade legal da reforma num segundo mandato, tudo indica que será secretária-geral apenas durante quatro anos.

Arménio Carlos fez um discurso de abertura do congresso marcando reivindicações que estão na agenda da CGTP e previstas no documento estratégico que está em discussão no congresso, chamado Programa de Acção.

O anterior secretário-geral fez uma retrospectiva dos 50 anos da Intersindical, recordou os tempos da troika nos anos de Governo de Pedro Passos Coelho e a viragem para a negociação à esquerda no Parlamento. Criticou o executivo de António Costa pela “cedências” à direita e por não abdicar do excedente orçamental. E reforçou o posicionamento da CGTP na luta contra o empobrecimento dos jovens trabalhadores. Sem esquecer todos os que trabalham e “quem trabalhou”.

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