Anthony Bourdain deixou-nos uma última obra: livro de viagens “irreverente” sai em Outubro

Já é possível reservar uma cópia de World Travel: An Irreverent Guide, concluído por Laurie Woolever, assistente do autor de No Reservations e Parts Unknown.

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Anthony Bourdain durante a sua passagem por Lisboa para a apresentação de um livro, em 2011 Rui Soares

Quase dois anos após a sua morte, continuamos a querer que Anthony Bourdain viaje para nos mostrar o mundo. World Travel: An Irreverent Guide, que será lançado no dia 13 de Outubro, mas pode já ser reservado online, é apresentado como “um conjunto ilustrado das reflexões de Bourdain sobre os seus locais favoritos para visitar e comer por todo o mundo”.

O livro foi organizado e concluído por Laurie Woolever, que foi, durante muito tempo, assistente do cozinheiro, escritor e autor de programas televisivos que mudaram a forma como se falava de comida na televisão, como No Reservations (Travel Channel) e Parts Unknown (CNN).

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DR/Ecco

“É uma honra e um prazer criar um livro que inclui histórias daqueles que o amaram e dos seus colegas”, disse Woolever, que já tinha feito com Bourdain o livro Appetites. “Tive a sorte de trabalhar com Tony e estou muito feliz por poder partilhar neste guia as reflexões dele e a forma como ele viu o mundo.” World Travel: Na Irreverent Guide vai incluir textos escritos por amigos e familiares, entre os quais o seu irmão mais novo, Chris.

Em 2019, um ano depois da morte de Anthony – em Junho de 2018, numa altura em que decorriam as gravações de um episódio de Parts Unknown em França, e que foi encontrado no quarto de hotel pelo seu amigo, o chef francês Eric Ripert –, Chris recordou o irmão e a influência dos pais, Pierre e Gladys Bourdain, na vida de ambos.

Gladys fazia muitas vezes receitas tiradas do célebre livro de Julia Child’s, Mastering the Art of French Cooking, para impressionar os sogros, que eram franceses. O facto de viverem em Nova Jérsia dava-lhes, por outro lado, a oportunidade de experimentarem todo o tipo de cozinhas do mundo – algo que os pais também encorajavam.

A curiosidade de Tony foi alimentada por muitas dessas experiências. “Comíamos comida dinamarquesa em Nova Iorque e íamos frequentemente a Chinatown. Quando os [restaurantes] indianos apareceram, experimentámos. Quando o sushi era uma novidade, nos anos 1970, experimentámos”, recordou Chris por ocasião da inauguração do New Jersey’s Anthony Bourdain Food Trail.

E isso terá também ajudado a moldar a curiosidade do homem que acabaria por abandonar os restaurantes e a vida de cozinheiro para se tornar sobretudo um viajante e um divulgador, com um estilo único. “Ele não tinha preconceitos quando chegava [a um lugar novo]”, disse ainda o irmão. “Tony [dizia] ‘vamos lá para descobrirmos coisas juntos’. As pessoas não o viam como um jornalista. Um tipo no Congo nunca se abriria a um jornalista ocidental da forma como se abriu ao Tony. E o Tony tratava alguém num tasco de Manila com o mesmo respeito com que tratava [o chef] Thomas Keller em Los Angeles ou a senhora que cozinhava num apartamento.

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Bourdain com Barack Obama no Vietname em 2016 REUTERS/Carlos Barria

A capa do livro póstumo é uma ilustração do cartoonista Tony Millionaire que mostra Bourdain sentado na esplanada de um café parisiense. No interior do livro, cada capítulo é acompanhado por mais uma ilustração. São 432 páginas onde os leitores poderão, mais uma vez, viajar com Bourdain pelos mais variados lugares do mundo, perceber o que o fascinava em cada um deles, e ter conselhos práticos sobre “como chegar, o que comer, onde ficar e, em alguns casos, o que evitar” – porque todos os que seguiam os seus programas se recordarão certamente de o ver comer algumas das melhores refeições do mundo, mas também algumas das piores. Mas, mais do que a comida ser boa ou má, o que importava sempre era o que Bourdain via para além dela – as pessoas, as histórias, o mundo.

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