O frente-a-frente entre FC Porto e Benfica a 48 horas do clássico

O PÚBLICO analisa os valores inviduais das duas equipas, comparando, sector a sector, as valências e fragilidades dos presumíveis titulares no clássico marcado para este sábado (20h30).

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Alex Telles e Pizzi, dois jogadores com "lugar cativo" nas respectivas equipas LUSA/MIGUEL A. LOPES

Neste sábado, a partir das 20h30, o Estádio do Dragão verá no relvado alguns dos melhores jogadores da Liga portuguesa. Quais partem na “pole position” para a titularidade? Qual é o peso de cada um deles na respectiva equipa? Que treinador tem as melhores armas? O PÚBLICO analisa individualmente FC Porto e Benfica, sector a sector.

Guarda-redes

De um lado, Agustín ​Marchesín, um internacional argentino, experiente, de 31 anos, “pescado” esta época no México para ser o dono da baliza do FC Porto. Do outro, Odysseas Vlachodimos, um internacional grego, mais jovem (25 anos), um guardião que, para o Benfica, deveria ter mais concorrência, tendo os “encarnados” tentado a contratação das “trutas” Perin e Fabianski.  Com maior ou menor confiança interna dos seus clubes, Marchesín e Odysseas têm feito épocas de grande nível. 

O primeiro conquistou os portistas, mostrando segurança entre os postes, fora deles e qualidade com os pés, enquanto o segundo tem ultrapassado os rumores de idas ao mercado por um guarda-redes e, com vários jogos de qualidade, tem salvado o Benfica diversas vezes. E é o “guardião” menos batido da Liga portuguesa 2019/20.

O FC Porto segue com 12 golos sofridos, contra os oito do Benfica, e, no duelo directo dos guarda-redes, Marchesín soma 1,8 defesas por jogo, contra as 2,3 de Odysseas (o argentino fez 18 jogos, o grego fez 19). Num frente-a-frente tão equilibrado, não deverá ser por aqui que alguma equipa ganhará clara vantagem.

Defesa

Neste sector, Sérgio Conceição mostrará o risco que está disposto a correr neste jogo. Com Wilson Manafá a lateral e Jesús Corona na ala, quererá proteger bem o corredor direito - zona que terá Grimaldo, Franco Cervi e Rafa em acção do lado contrário. Com Corona a lateral, os riscos do FC Porto são maiores – bem como a criatividade, sobretudo “castigando” o permeável Grimaldo, muitas vezes em dificuldades, sobretudo em jogos frente aos “grandes”.

De resto, não se esperam grandes novidades. Pepe (se recuperado), Iván Marcano e Alex Telles jogarão de um lado, André Almeida, Rúben Dias, Ferro e Grimaldo do outro.  Defensivamente, os recentes erros individuais de Ferro podem ser o calcanhar de Aquiles de Bruno Lage – que tem, ainda assim, a defesa menos batida da Liga –, embora a maior segurança de André Almeida comparativamente com Corona ou Manafá equilibre a balança.

No capítulo ofensivo, é por Grimaldo, Corona e Telles que passa muita da criação das equipas. Os números dizem que Corona, Grimaldo e Telles são o terceiro, quarto e quinto jogadores da I Liga com mais assistências para golo, com sete, seis e cinco passes decisivos, respectivamente. Estão, também, no top-10 em passes para finalização.

Nota, ainda, para a importância do jogo aéreo: o FC Porto é a terceira equipa da I Liga mais forte nesse capítulo, enquanto o Benfica é a terceira mais débil pelo ar. Motivos mais do que suficientes para que Pepe e Marcano - ambos no top-15 da Liga em jogo aéreo - possam ser vistos como ameaças defensiva e ofensivamente. Marcano, em particular, já leva cinco golos marcados na temporada, contra um de Pepe, Dias e Ferro.

Meio-campo

Caso recuperem dos problemas físicos, Danilo Pereira e Julian Weigl deverão ser titulares no 4x4x2 das suas equipas e o duelo é equilibrado. O problema é que as limitações físicas do português parecem ser mais delicadas, o que, em caso de não-recuperação, obrigaria Sérgio Conceição a chamar Loum (apenas três jogos na Liga) ou Sérgio Oliveira (oito participações no campeonato). E a balança, nesse caso, penderia de forma clara.

Uns passos à frente, Matheus Uribe deverá ser o companheiro de Danilo/Loum/Oliveira, depois de ter sido titular nos dois jogos anteriores do campeonato. Com zero golos e uma assistência, o mexicano demora a convencer os portistas, mas será o elemento mais versátil, devendo ganhar a corrida aos jovens Romário Baró e Vítor Ferreira e ao mais ofensivo Otávio. E Uribe traz, também, outro “cartão-de-visita”geralmente valorizado em clássicos: erra pouco com bola, chegando a este jogo com 86,6% de acerto no passe e é o sexto médio da I Liga com mais passes certos.

Do lado do Benfica, também em 4x4x2, há dúvidas entre um médio mais posicional e cerebral, Gabriel, ou um elemento mais criativo e mais lento, Adel Taarabt. Apesar da evolução do marroquino no capítulo das recuperações de bola e trabalho defensivo, o jogo no Dragão deverá ser para o brasileiro, mais seguro. 

Gabriel é, ainda, o quinto médio do campeonato com mais passes feitos, o que atesta a preponderância do jogador em grande parte dos jogos do Benfica. Seja qual for a opção de Lage, parece haver supremacia de Gabriel/Taarabt sobre Uribe, pelo menos em matéria de peso específico nas respectivas equipas.

Ataque

Nas alas, Jesús Corona, Otávio e Luis Diaz correm por duas vagas nos portistas, enquanto Pizzi e Franco Cervi deverão estar “cativos” no Benfica. No campeonato, Pizzi leva 12 golos e 8 assistências – é o jogador mais decisivo da Liga –, enquanto o argentino Cervi, apesar de menos exuberante nos números, tem sido uma garantia de protecção a Grimaldo. 

Do lado contrário, Corona tem sido preponderante nos “dragões”, quer na criação de jogo e desbloqueio de defesas quer nas estatísticas: são dois golos e já 10 assistências na Liga. Otávio, mais agressivo sem bola e versátil em nuances tácticas, e Luis Diaz, mais vertical e criativo pelo corredor, estarão dependentes daquilo que Conceição queira do jogo. A versatilidade e a rodagem em jogos deste calibre poderão dar vantagem a Otávio (um golo e oito assistências em 32 jogos na época) frente a Diaz (11 golos e cinco assistências em 33 jogos).

Os portistas parecem levar vantagem no capítulo da criatividade dos corredores, mas o centro do ataque pode mudar as contas. Rafa, regressado de lesão, tem estado particularmente capaz na finalização (quatro golos em quatro jogos) e, frente a um FC Porto presumivelmente em busca do triunfo, poderá ser um elemento fulcral nas transições. O frente-a-frente parece pender para os “encarnados”, até porque Marega tem surgido uns furos abaixo do que já fez – para além da menor participação no jogo, leva “apenas” sete golos e seis assistências. 

Nos pontas-de-lança, o duelo é equilibrado. Tiquinho Soares marcou 16 golos na temporada (sete na Liga), Carlos Vinícius marcou 17 (12 no campeonato). A influência do benfiquista estende-se, porém, aos golos, já que já leva 12 assistências na época, capítulo em que Soares é menos profícuo.

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