Huawei vendeu mais telemóveis que a Apple em 2019 – mesmo sem Google

O sucesso da Apple durante os últimos três meses de 2019 não foi o suficiente para tirar a Huawei do segundo lugar do pódio.

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A Huawei foi apanhada na guerra comercial entre EUA e China Reuters/TOBY MELVILLE

Mesmo com as restrições dos EUA e a popularidade dos novos iPhone durante a época de festas, a Huawei vendeu mais telemóveis que a Apple ao longo de 2019, conquistando o segundo lugar no pódio das fabricantes de telemóveis preferidas pelos consumidores, atrás da sul-coreana Samsung.

O balanço é partilhado por vários analistas – dados da IDC, CounterpointResearch e Strategy Analytics notam todos que embora a Apple tenha sido a marca preferida dos consumidores entre Outubro e Dezembro de 2019, não foi o suficiente para ultrapassar a rival chinesa.

Os resultados das analistas também mostram que o mercado dos smartphones continua em queda mesmo com o aparecimento de formatos inovadores, como telemóveis dobráveis.

Segundo a tabela da IDC, em 2019 foram enviados menos 31,6 milhões de telemóveis para retalho – é o equivalente a uma queda de 2,3%. “[A queda] representa o segundo ano consecutivo em que são enviados menos aparelhos para retalho, apesar do lançamento de aparelhos 5G e de novos formatos inovadores como os dobráveis”, disse Anthony Scarsella, responsável pela investigação da IDC, num comunicado de apresentação de resultados.

No final de 2019, tal como tem acontecido nos últimos anos, a líder foi a Samsung: a fabricante sul-coreana enviou 295,7 milhões de telemóveis para retalho, o que representa uma fatia de 21,6% do mercado. A Huawei conseguiu roubar o segundo lugar do pódio à Apple, ao enviar 240,6 milhões de telemóveis para retalho (mais 49,6 milhões que a empresa de Tim Cook).

Uma das estratégias da Huawei tem sido orientar os seus esforços para o mercado asiático. Ainda assim, o sucesso do iPhone 11 ajudou a Apple a conseguir ultrapassar ambas as marcas no último trimestre do ano, com 73,8 milhões de telemóveis enviados para retalho (o equivalente a 20% do mercado) – são mais 4,4 milhões de telemóveis do que a rival Samsung e 17,2 milhões de telemóveis do que a Huawei.

“A Samsung tende a atingir o pico no terceiro trimestre, por isso ser ultrapassada pela Apple no quarto trimestre não é inesperado”, lê-se ainda na análise de resultados da IDC, que nota que apesar do sucesso da Huawei em 2019 a fabricante continua a “enfrentar desafios” fora da China. “Embora a Huawei tenha lançado os Mate 30 em alguns mercados internacionais, como a Malásia e a Singapura, a falda dos serviços do Google ainda afectou o seu desempenho.”

As marcas chinesas Xiaomi e Oppo ocupam, respectivamente, o quarto e quinto lugar na lista de fabricantes de telemóveis mais vendidos. Segundo os valores da IDC, ao longo de 2019, a Xiaomi enviou 125,6 milhões de unidades para retalho e a Oppo enviou 114,3 milhões.

Em 2019, a Huawei viu-se no meio de uma guerra comercial entre os EUA e a China quando o presidente norte-americano Donald Trump incluiu a fabricante chinesa numa lista de entidades estrangeiras às quais as empresas dos EUA, como o Google, não podem fornecer serviços ou produtos. Em causa estão suspeitas e preocupações de espionagem que põem em causa a segurança nacional.

Com isto, a Huawei deixou de poder utilizar as aplicações do Google nos seus aparelhos. Para diminuir o impacto da situação, a empresa tem estado a contactar contactar criadores de aplicações europeias (incluindo em Portugal) para que estas sejam disponibilizadas na Huawei App Gallery, que é a alternativa da empresa chinesa ao Google Play. A marca também está a disponibilizar um fundo de mil milhões de dólares (mais de 903 milhões de euros) para incentivar programadores a criarem novas aplicações para os telemóveis da marca.

Para os analistas da Counterpoint Research, a tensão entre os dois países tem mostrado os problemas em investir num número reduzido de mercados. “As cadeias de fornecimento foram perturbadas, levando várias empresas a repensar as suas estratégias”, notou Tarun Pathak, director e analista da Counterpoint Research. “Em 2020 iremos ver esforços para diversificar mais os investimentos em diferentes regiões geográficas, a fim de mitigar riscos.”

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