Quase 75 anos depois, há uma “nova” Arcádia na Rua do Almada

A histórica casa de chocolates reabriu remodelada e agora tem zona de show cooking. A família Bastos descreve a remodelação como “um tributo” às pessoas que associam a Arcádia a esta morada, a segunda loja da marca, aberta desde finais de 1945.

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Um dos grandes destaques do renovado espaço da casa de chocolates é o espaço de show cooking. Tiago Lopes
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A Arcadia abriu em 1945 a sua loja neste local Tiago Lopes
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A entrada da loja na Rua do Almada TIAGO LOPES
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Francisco Bastos é o bisneto do fundador da Arcádia, Manuel Pereira Bastos, e assumiu o espaço em Novembro de 2018. Tiago Lopes
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Arcádia está também a tentar internacionalizar os seus produtos Tiago Lopes

Francisco Bastos, 27 anos, passou a infância na casa 63 da Rua do Almada, no Porto, a “roubar chocolates”. Agora à frente da fábrica de confeitaria artesanal Arcádia, passava os dias a saborear línguas-de-gato e sortidos tradicionais ao mesmo tempo que fazia perguntas ao pai e ao avô sobre o negócio fundado pelo seu bisavô, Manuel Pereira Bastos, com uma loja na Praça da Liberdade, em 1933. Hoje, quem entra no edifício, que passou por três meses de obras no fim de 2019 mas só precisou de fechar durante uma semana e reabriu oficialmente esta terça-feira, vê traços da história a conviverem alegremente com uma ambiciosa remodelação.

Actualmente, a Arcádia estende-se a 26 lojas, mas o edifício situado na Rua do Almada possuiu sempre uma aura “muito especial”, como diz Francisco Bastos à Fugas. Quando foi inaugurado, em Dezembro de 1945, o espaço era apenas o segundo para o negócio que a família Bastos fundara doze anos antes. Foi aqui que a marca fixou os seus escritórios e o fabrico das incontornáveis drageias. A renovação desta casa representa, diz, a concretização de um “importante objectivo” para a actual administração.

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Um dos grandes destaques do renovado espaço da casa de chocolates é o espaço de show cooking. TIAGO LOPES

Rita Brás, responsável pelo design e pela comunicação da marca, assinala que na base da intervenção, orçada em 150 mil euros, esteve sempre o “desejo de recriar o espaço antigo”, tendo sido mantidos os azulejos e os arcos originais. Por outro lado, se os candeeiros antigos tiveram de ser substituídos, os novos constituem “réplicas fiéis”. Francisco Bastos aponta para o espaço comercial ampliado ou os mostradores recriados e refere que a necessidade de dar um “aspecto mais moderno”, apesar de crucial, nunca se sobrepôs à vontade de “prestar um tributo às pessoas que associam a Arcádia à Rua do Almada desde sempre”.

É nesse sentido que surge talvez a grande novidade da remodelação: a área de produção de bombons e pintura de drageias de licor ao vivo, agora a tempo inteiro depois das demonstrações promovidas pela marca no passado. Em 2017, a confecção de chocolates da Arcádia transferiu-se, maioritariamente, para a fábrica que a empresa tem em Grijó, em Vila Nova de Gaia, mas esta zona de show cooking no espaço da Rua do Almada, que prende o nosso olhar depois de passarmos pela montra de quindins e macarons, foi construída para “não deixar perder o que aqui foi feito durante tantos anos”.

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Doce Arcádia TIAGO LOPES

Em 2020, para além de “viver a tradição”, a Arcádia pensa na expansão do negócio. Há cinco novas aberturas planeadas para os primeiros seis meses do ano, a primeira das quais acontecerá na Praça Dr. Francisco Sá Carneiro (antiga Praça de Velásquez), no Porto. “Chegar a loja online” é outro objectivo importante.

A internacionalização também continua a ser prioritária: no ano passado, revela Francisco Bastos, a participação da marca no Salão Internacional do Sector Alimentar e Bebidas (SISAB) permitiu angariar clientes no México, e o administrador espera conseguir resultados igualmente positivos na próxima edição da grande feira de doces e similares, a ISM Cologne, que decorrerá entre os dias 2 e 5 de Fevereiro.

A empresa quer ainda continuar a inovar no catálogo. As trufas de Vinho do Porto são, sublinha a família Bastos, “o mais recente sucesso” da Arcádia, que em 2019 renovou a sua gama infantil e lançou tabletes pela primeira vez. No que diz respeito a estas últimas, a marca apostou em “combinações” (chocolate de leite com caramelo salgado ou manteiga de amendoim e chocolate branco com trufa de maracujá) que Francisco Bastos acredita ilustrarem o “espírito de inovação” que move a marca.

Texto editado por Luís J. Santos

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