Candidatos à liderança do CDS a favor de regresso de Manuel Monteiro

O próprio Manuel Monteiro questionou o motivo de ainda não ter sido refiliado no CDS.

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Congresso do CDS realiza-se no fim-de-semana Adriano Miranda

Manuel Monteiro, ex-presidente do CDS, pode voltar à militância activa no partido, após 22 anos de afastamento, seja qual for o candidato que vencer o congresso de Aveiro, em 25 e 26 de Janeiro.

O regresso de Monteiro ao partido foi uma das questões colocadas numa entrevista à Lusa aos cinco candidatos à liderança dos centristas e todos mostraram abertura para resolver, com mais ou menos entusiasmo, o impasse quanto à sua refiliação.

No final de Outubro, a direcção de Assunção Cristas optou por não decidir, até ao congresso de Janeiro, a refiliação no CDS do ex-líder, que deixou o partido em 1998 para fundar a Nova Democracia (ND). Após uma progressiva reaproximação aos centristas, desde que se afastou da ND em 2009, Manuel Monteiro participou em várias iniciativas do seu antigo partido, a convite da Tendência Esperança em Movimento (TEM), no ano passado. Em Setembro, entregou a ficha de refiliação na concelhia da Póvoa de Varzim, distrito do Porto, que aprovou a sua inscrição.

Até agora, a direcção nada decidiu, o que foi considerado um “acto censório” que “não cabe num partido que se diz pluralista e democrático” afirmou Abel Matos Santos, porta-voz da TEM, à margem do conselho nacional do partido, em 17 de Outubro.

Na entrevista à Lusa, o candidato Filipe Lobo d'Ávila afirmou que nada tem “contra o regresso de quem quer que seja ao CDS" e admitiu que o problema já deveria estar resolvido. E “se Manuel Monteiro quer estar em paz com o CDS” não será por ele que “terá problemas quanto a isso”, afirmou, lembrando que, no passado, criticou-o publicamente “quando Manuel Monteiro fez algumas declarações que eram indelicadas, no mínimo, relativamente ao CDS e a dirigentes do CDS”.

“Nós somos poucos, somos muito poucos neste momento para impedir que mais pessoas venham até nós para nos ajudar a reerguer o CDS”, concluiu.

Já João Almeida, deputado desde o tempo da liderança de Paulo Portas, com quem Monteiro manteve uma relação tensa, admitiu que o problema já deveria ter sido resolvido “no actual ciclo político”, com Cristas, a que pertenceu, e disse ter dado essa opinião na comissão executiva do partido. Se não for resolvido e for eleito líder, Almeida vai pedir a Manuel Monteiro “para conversar com ele” para tentar uma “solução conversada”.

“Deu-se um peso político a esta questão que o futuro presidente do partido não pode ignorar. E o respeito que também tem de ter por um ex-presidente do partido leva a que deva com ele encontrar a solução para esta situação”, acrescentou.

Francisco Rodrigues dos Santos, o líder da Juventude Popular, entende que “um partido como o CDS tem que se reconciliar com todos aqueles que se sentem bem no CDS e que querem ajudar a reerguer o partido e a relançá-lo”, e estima que essa ideia “corresponde ao sentimento colectivo e generalizado” dos centristas. “Manuel Monteiro foi um presidente que marcou um período de tempo da história do CDS. Querendo estar de volta, não vejo porque razão o CDS não quererá contar com os seus contributos, que podem ser valiosos para credibilizar o partido junto da opinião pública”, salientou.

Apesar de ressalvar que não tem informações sobre o processo, o candidato assinala que este atraso é “muito estranho” e recusa “processos políticos para impedir e obstaculizar adesões a novos filiados”.

Carlos Meira, ex-líder da concelhia de Viana do Castelo e empresário, afirmou que, “sinceramente”, não sabe “se será positivo” para Monteiro “o seu regresso ao CDS”. Apontando a contradição dos “ditos barões” e “autoproclamados notáveis” do partido que defendem que “todos são necessários” e depois unem-se contra a refiliação do ex-líder, o que revela uma “ignorância profunda” dos estatutos. “Quer queiram ou não, juridicamente falando, [Monteiro] já está filiado no CDS”, conclui.

Os candidatos à liderança do CDS são Abel Matos Santos, João Almeida, Filipe Lobo d"Ávila, Francisco Rodrigues dos Santos e Carlos Meira.

O 28.º congresso nacional, marcado para 25 e 26 de Janeiro em Aveiro, vai eleger o sucessor de Assunção Cristas na liderança dos centristas, que decidiu deixar o cargo na sequência dos maus resultados nas legislativas de Outubro de 2019 -- 4,2% e cinco deputados.

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