Huawei usa TomTom para substituir Google Maps

A Huawei vai utilizar os mapas, informação de trânsito e sistema de navegação da TomTom para criar aplicações os smartphones da marca.

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O negócio da TomTom teve de se transformar com a chegada dos smartphones Reuters/Eva Plevier

A Huawei está a trabalhar com a holandesa TomTom, conhecida pelos seus aparelhos e serviços de navegação por satélite, para criar um novo sistema de mapas pré-instalado nos seus telemóveis.

A informação foi confirmada pela própria TomTom em declarações à agência Reuters. O acordo autoriza a Huawei a utilizar os mapas, a informação de trânsito e o sistema de navegação da empresa europeia para criar aplicações para os seus novos smartphones

O objectivo da Huawei é substituir a aplicação Google Maps que já não vem pré-instalada nos aparelhos da marca chinesa devido às sanções americanas. Em Maio de 2019, o presidente norte-americano Donald Trump incluiu a Huawei numa lista de entidades estrangeiras às quais as empresas dos EUA, como o Google, não podem fornecer serviços ou produtos, com base em preocupações de espionagem que põem em causa a segurança nacional. Meses mais tarde, a interdição ainda não arrancou oficialmente – os EUA têm dado várias extensões para facilitar o processo de transição para as empresas norte-americanos –, mas o Google foi dos primeiros a impedir os seus serviços de virem em novos telemóveis da Huawei.

Para a TomTom, que cresceu bastante no começo dos anos 2000 a desenvolver aparelhos de GPS, o novo negócio encaixa na actual estratégia de se tornar cada vez mais um fornecedor de tecnologia de navegação em vez de um fabricante de hardware. Nos últimos anos, telemóveis smartphones, tablets e a própria tecnologia nos carros tornou aquele tipo de equipamentos quase obsoletos.

Alternativas ao Google

A Huawei, por sua vez, tem-se dedicado a criar um catálogo de aplicações para rivalizar as que estão disponíveis na loja de aplicações do Google a que também deixou de ter acesso.

Desde meados do ano passado que a Huawei está a contactar criadores de aplicações europeias (incluindo em Portugal) para que estas sejam disponibilizadas na Huawei App Gallery, que é a alternativa da empresa chinesa ao Google Play. A marca também está a disponibilizar um fundo de mil milhões de dólares (mais de 903 milhões de euros) para incentivar programadores a criarem novas aplicações para os telemóveis da marca.

Falhar em oferecer serviços Google a que os utilizadores ocidentais da Huawei estão habituados pode ameaçar o sucesso da marca naquele mercado. Há três anos, a Microsoft desistiu de desenvolver o seu sistema operativo para telemóveis, o Windows Phone, devido à falta de oferta de aplicações para a plataforma. O sistema da Microsoft, que foi lançado em 2010, não conseguiu competir com os sistemas Android e o iOS que já dominavam o mercado. 

Para já, a Huawei continua a usar o operativo Android. Trata-se, no entanto, de uma versão em código aberto do sistema, disponível para qualquer pessoa ou empresa, que não recebe as actualizações do Google.

A empresa não exclui a possibilidade de, no futuro, vir a utilizar o seu próprio sistema operativo. Em Agosto, a marca chinesa apresentou o Harmony OS, um novo sistema operativo para outros aparelhos conectados da marca (televisões e colunas inteligentes, por exemplo), que a fabricante acredita poder incluir em novos telemóveis.

De acordo com o vice-presidente sénior da Huawei, Vincent Pang, a decisão final terá de ser feita nos próximos meses. Em declarações ao site Business Insider, em Novembro de 2019, Pang disse “não podemos esperar mais, já perdemos um topo de gama”. Em Setembro, o Huawei Mate 30 e o Mate 30 Pro foram os primeiros telemóveis Huawei a serem lançados sem serviços como o navegador Chrome, os Google Maps ou o Gmail. Para Pang, a empresa pode “claramente sobreviver” ao focar-se no mercado chinês, mas “nenhuma empresa quer apenas sobreviver”.

Mesmo com os problemas com o governo dos EUA, os resultados da empresa têm sido positivos. Segundo dados da IDC, entre Julho e Outubro de 2019, a Huawei enviou 66,6 milhões de telemóveis para retalho. Foram mais 14,6 milhões de unidades do que nos mesmos meses de 2018, representando um aumento de 28,2%. %. Em Portugal, a quantidade de telemóveis enviados para retalho no terceiro trimestre de 2019 foi menor que no ano anterior (-2,4%), mas a empresa mantém-se a segunda preferida dos consumidores do país (28,8% da quota de mercado) depois da sul-coreana Samsung.

Apesar da parceria com a Huawei, a TomTom já disse que vai continuar a desenvolver as suas próprias aplicações para aparelhos iOS e Android.

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