Autoridades suspendem medicamento por risco de cancro de pele

Infarmed replica o alerta e as recomendações da Agência Europeia do Medicamento: médicos devem parar de receitar este medicamento e doentes devem estar atentos a alterações invulgares na pele.

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dro daniel rocha

A Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla inglesa) recomendou a suspensão da utilização do medicamento Picato, um gel usado para o tratamento de lesões de pele associadas à exposição solar, por suspeita de estar associado a um aumento de risco de cancro de pele. Em comunicado, a Autoridade Nacional do Medicamento - Infarmed replica o alerta e as recomendações da agência europeia: os médicos devem parar de receitar este medicamento e os doentes devem estar atentos a alterações invulgares na pele.

Num alerta divulgado na última sexta-feira, o Infarmed diz que a EMA “recomenda a suspensão da utilização do medicamento”, cuja substância activa é o mebutato de ingenol, “como medida preventiva de protecção da saúde pública, enquanto decorre a revisão do risco de cancro de pele”. O fármaco está indicado para o tratamento cutâneo de queratose actínica não-hiperqueratósica e não-hipertrófica em adultos. São lesões na pele associadas à exposição solar com potencial de se transformarem em lesões cancerígenas.

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Embalagens do medicamento Picato

Este medicamento teve autorização de comercialização por parte da EMA em Novembro de 2012. Em Portugal, uma embalagem custa cerca de 52 euros com a aplicação da comparticipação de 37%.

O Infarmed explica, no comunicado, que o Comité de Avaliação do Risco em Farmacovigilância da agência europeia “está actualmente a rever os dados sobre cancro de pele em doentes que usam Picato, tendo verificado uma maior ocorrência de cancro de pele em doentes em tratamento com este medicamento comparativamente a outro medicamento para queratose actínica”.

Esta entidade recomendou, enquanto decorre a avaliação, que se suspenda a autorização de introdução no mercado “como medida de precaução”. Na mesma nota dá-se conta que existem tratamentos alternativos.

A EMA e o Infarmed recomendam aos médicos que “devem parar de prescrever Picato e considerar diferentes opções de tratamento”. Assim como “devem aconselhar os doentes a estarem atentos ao desenvolvimento de lesões na pele e procurar assistência médica imediatamente após a detecção”.

E fazem recomendações aos doentes no mesmo sentido: “Devem deixar de usar Picato para o tratamento da queratose actínica e falar com o médico assistente para identificação de um tratamento alternativo” e “caso verifiquem a existência de alterações ou crescimentos invulgares na pele, devem procurar assistência médica imediatamente”.

As duas agências do medicamento afirmam que irão continuar a acompanhar este assunto e que darão nova informação quando estiver concluída a revisão de segurança.

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