Protesto contra amianto em escola de Camarate ameaça “parar” a vila

Nível de degradação dos materiais com amianto na EB 2,3 Mário de Sá Carneiro está a causar alarme entre a comunidade educativa.

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Em muitas escolas continuam a existir materiais com amianto daniel Rocha

Uma marcha contra a presença de amianto na Escola Básica 2,3 Mário de Sá Carneiro, em Camarate, no concelho de Loures, vai reunir nesta terça-feira de manhã alunos, pais, professores e funcionários daquele estabelecimento escolar. Segundo uma nota enviada à comunicação social, o protesto está organizado de forma a “parar” a vila de Camarate para alertar “para a presença de materiais muito degradados contendo amianto em várias estruturas da escola, nomeadamente em pavilhões em madeira com mais de 30 anos e que nunca sofreram obras de requalificação”.

“Esta escola é um bom exemplo dos equipamentos escolares que deviam ser prioritários, porque os materiais com amianto estão num estado de degradação crítico. No entanto, continua sem se saber quando ou sequer se vai ser intervencionada e qual a extensão dessa intervenção”, referiu o coordenador do Movimento Escolas Sem Amianto (MESA), André Julião, do qual o estabelecimento de Camarate é membro fundador.

Nesta sexta-feira, durante a discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2020, todas as bancadas parlamentares interpelaram o ministro da Educação a propósito da retirada dos materiais com amianto das escolas, mas Tiago Brandão Rodrigues não especificou quantas irão ser intervencionadas e quando. Referiu apenas que esta operação é “uma prioridade no plano de investimento e em todas as intervenções” de requalificação das escolas que estão programadas, para as quais foram alocados “111 milhões de euros adicionais”.

“O que não é minimamente compreensível é que, nove anos após a publicação da lei que prevê a retirada do amianto dos edifícios públicos, possam existir escolas onde o mesmo ainda se encontra presente”, critica o presidente da Associação de Pais do Agrupamento D. Nuno Álvares Pereira, de que a EB 2,3 Mário de Sá Carneiro é a escola-sede.

Ricardo Oliveira lembra a propósito que “o amianto não está apenas presente no fibrocimento e comprovadamente pode provocar doenças graves e incuráveis. “O nível de degradação desta escola é elevado e os pais exigem condições dignas para que os seus filhos possam aprender sem colocar em causa a sua saúde”, acrescenta.

O mesmo reivindica uma das docentes da escola, Patrícia Pereira, frisando que “há muito tempo que os professores têm manifestado o seu descontentamento com as instalações” da EB 2,3 Mário de Sá Carneiro. “O avançado estado de degradação dos edifícios e das salas de aula provocam desconforto e desmotivação e, para além disso, têm-se registado vários problemas de saúde entre professores, assistentes operacionais e outro pessoal não docente que poderão estar relacionados com as condições dos edifícios, refere esta professora.

Na nota divulgada nesta segunda-feira, os promotores da manifestação acrescentam que, para além de materiais com amianto, “existem diversos outros problemas estruturais na escola, entre eles, infiltrações no ginásio, salas de aula onde chove e onde o chão está tão degradado que já só existe cimento”.

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