Bem-vindo a Samos, jangada de pedra

Em Vathy, capital da ilha, há hoje 8000 migrantes, tantos ou mais do que os habitantes locais. O campo de refugiados estava preparado para 650, por isso a maior parte vive na “selva”, partilhando tendas improvisadas com ratos, percevejos e até cobras e escorpiões. 1800 são crianças. São as 15 ONG a operar na cidade que tentam responder às suas mais básicas necessidades.

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Dois garotos deambulam pelo porto de Vathy, perto do lugar onde o “Tubarão” da Polícia Marítima está acostado. Yasin, 10 anos, tem uma linha de pesca na mão, com um anzol na ponta. Lemos o seu nome no autocolante escrito à mão que tem ao peito. Não fala uma palavra de inglês ou qualquer outra língua compreensível para nós. Não sabemos de onde vieram. Mustafá tem 11 anos — responde com as mãos, afinal compreendem algumas perguntas básicas — e diz que está há 20 dias no campo. Vieram à pesca. Voltam passado um bocado para nos mostrar um pequeno peixe prateado que se debate na ponta do fio de nylon. Posam para a fotografia. O subinspector Brás Gonçalves dá-lhes 5 euros: “É que eu também tenho filhos.”

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