Irão anuncia prisões relacionadas com queda de avião

Regime está sob pressão de manifestantes revoltados com encobrimento do papel de Teerão no abate do avião da Ukrainian Airlines em que morreram 176 pessoas.

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O Presidente do Irão, Hassan Rohani, quer julgar os responsáveis pelo abate do avião ucraniano num tribunal especial. "O mundo inteiro vai estar a ver" DR

O Irão anunciou a detenção de um número de pessoas acusadas de terem tido um papel no incidente com o avião da Ukrainian Airlines que foi abatido, por erro, por um míssil iraniano, matando todas as 176 pessoas a bordo.

A queda ocorreu quando o Irão se preparava para uma potencial retaliação americana ao seu ataque a uma base usada por forças norte-americanas no Iraque – que foi a resposta do regime de Teerão ao ataque norte-americano que matou o general iraniano Qassem Soleimani no Iraque.

As manifestações são significativas, e estão a ser consideradas um dos maiores desafios recentes ao regime de 40 anos, com palavras de ordem contra os líderes religiosos (o que não é inédito, mas é raro). O pior, para muitos manifestantes, foi a tentativa de encobrimento das autoridades iranianas da sua responsabilidade. As manifestações têm sido reprimidas com força; manifestantes denunciam o uso de balas reais, as autoridades iranianas negam.

Um grupo de países cujos cidadãos morreram no acidente vão juntar-se entretanto na quinta-feira para debater as acções a tomar, incluindo considerar acção legal contra o Irão.

O Presidente iraniano, Hassan Rohani, prometeu uma investigação completa ao “erro imperdoável” de abater o avião, dando uma conferência de imprensa televisiva na terça-feira, a última de uma série de desculpas de uma liderança relutante em admitir erros. Disse que o caso será julgado num tribunal especial. “Este não é um caso qualquer. O mundo inteiro vai estar a ver”, declarou.

A admissão de responsabilidade, acrescentou Rohani, foi “um bom primeiro passo”. Agora, “quem tiver de ser castigado, será castigado”. Foi um momento raro, sublinha o jornalista da emissora pan-árabe Al Jazeera, Assed Baig, “porque as pessoas no Irão não estão habituadas a que as instituições públicas e militares aceitem responsabilidades e admitam que erraram”. 

O porta-voz do judiciário iraniano Gholamhossein Esmaili disse que alguns dos acusados já foram presos. Não disse quem são ou quantos são.

Muitos dos que morreram eram iranianos ou pessoas com dupla nacionalidade.

O Canadá, que tem o segundo maior número de vítimas a seguir ao Irão, indicou que Teerão parece estar disposto a dar-lhe “um papel mais activo” na investigação “do que é normalmente exigido pela lei internacional”, podendo eventualmente estar presente quando forem analisados os dados das caixas negras, disse Kathy Fox, responsável da agência canadiana para a segurança de transportes. 

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