Hackers russos tentaram roubar informações a empresa ucraniana ligada ao impeachment de Trump

Empresa de cibersegurança norte-americana detectou ataques informáticos contra a Burisma, a firma energética onde trabalhou o filho de Joe Biden, que o Presidente pretendia que fosse investigada por Kiev.

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Trump pediu ao Presidente ucraniano para investigar Biden EPA/Oliver Contreras / POOL

Uma empresa de cibersegurança norte-americana revelou na segunda-feira a ocorrência de vários ataques informáticos, protagonizados por piratas informáticos russos russos, tendo em vista a apropriação de emails e outras informações, que tiveram como alvo a empresa energética ucraniana Burisma, onde trabalhou o filho do ex-vice-presidente dos EUA e aspirante a candidato presidencial do Partido Democrata, Joe Biden, e peça-chave no processo de impugnação do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A empresa Area 1 Security, sediada no estado norte-americano da Califórnia, identificou um padrão semelhante aos ataques de 2016, quando o grupo de hackers conhecido por Fancy Bear penetrou no sistema informático do Partido Democrata, episódio central das acusações dos EUA sobre a interferência de Moscovo nas presidenciais desse ano.

“Este ataque apresenta um paralelo com o que aconteceu em 2016”, confirmou à Reuters o director-executivo da Area 1 Security, Oren Falkowitz. 

Também desta vez, refere a empresa americana, foi possível associar os ataques ao GRU, os serviços secretos militares da Federação Russa.

Os piratas informáticos utilizaram emails fraudulentos (phishing), disfarçados de fontes legítimas e recorrendo a falsificação de comunicações internas da Burisma Holdings Ltd, para levar os funcionários da empresa de gás a fornecer dados confidenciais, passwords de acesso ou usernames, por engano.

Uma fonte da Burisma disse à Reuters que a empresa foi alvo de várias tentativas de penetração informática ao longo dos últimos seis meses. 

A agência noticiosa acrescenta ainda que os mecanismos fraudulentos criados pelos Fancy Bear focaram a sua actividade mais recente entre o dia 11 de Novembro e 3 de Dezembro, período onde tiveram lugar os principais capítulos processuais, parlamentares e políticos do processo de impeachment a Trump na Câmara dos Representantes do Congresso dos EUA, liderado pela oposição.

A Area 1 ainda não sabe que tipo específico de informação procuravam os hackers, nem se estes foram bem-sucedidos na sua missão. 

A imprensa norte-americana admite, no entanto, que o mais provável era que os hackers estivessem à procura de informações potencialmente embaraçosas para os Biden. Hunter Biden, filho do aspirante a candidato democrata para competir com Trump nas presidenciais de Novembro deste ano, dirigiu a Burisma entre 2014 e 2019.

O caso é relevante, uma vez que o processo que culminou na aprovação histórica do impeachment ao Presidente na Câmara dos Representantes, de maioria democrata, e nas acusações de abuso de poder e obstrução do Congresso – a destituição ou continuação no cargo será decidida pelo Senado, maioritariamente republicano –, teve como ponto de partida exigências polémicas feitas por Trump ao seu homólogo ucraniano, relacionadas com a actividade de Biden.

O chefe de Estado norte-americano pediu a Volodimir Zelenski que abrisse uma investigação anti-corrupção a Hunter Biden, a troco de ajuda militar norte-americana para o combate aos separatistas pró-russos que dominam o Leste da Ucrânia.

Uma jogada que foi entendida nos EUA, particularmente entre a oposição ao Presidente, como uma tentativa de prejudicar Joe Biden, o candidato do Partido Democrata mais bem posicionado, segundo as sondagens, para disputar o principal cargo político do país com Donald Trump.

O Presidente nega, no entanto, todas as denúncias, e acusa os democratas de quererem enfraquecê-lo politicamente tendo em vista a corrida à Casa Branca, onde procura um segundo mandato.

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