Poluição de carros, cruzeiros e aviões é o alvo a abater da Lisboa Capital Verde

Contrariar as alterações climáticas “implica escolhas”, diz Fernando Medina, que definiu cinco prioridades para 2020. A Capital Verde Europeia arranca este sábado com a presença de António Guterres e comissários europeus em Lisboa.

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Avenida da Liberdade, uma das vias mais poluídas da cidade Carla Rosado

O combate à poluição em Lisboa vai ter um especial destaque durante 2020, garante Fernando Medina, que este sábado inaugura a Capital Verde Europeia. O autarca afirma que nos próximos meses vão ser dados passos concretos para reduzir a poluição produzida por carros, cruzeiros e aviões na cidade, e que ao mesmo tempo se definirão os próximos investimentos em transportes públicos na Grande Lisboa.

O presidente da câmara ainda não quer revelar muito do que se vai passar, mas afiança que a autarquia tem projectos para reduzir o tráfego automóvel no centro, diminuir a poluição causada pelos cruzeiros e outros barcos no Tejo e ainda limitar a circulação de aviões durante a noite.

Em conversa com o PÚBLICO a propósito da Capital Verde Europeia, que arranca este sábado no Parque Eduardo VII com a presença de António Guterres, dois comissários europeus, o Presidente da República e o primeiro-ministro, Fernando Medina definiu as cinco prioridades para este ano, que incluem ainda a conclusão do concurso para a nova rede de autocarros da área metropolitana e a decisão sobre futuros investimentos em transporte pesado. “2020 é certamente o ano em que vamos fechar o acordo com o Governo sobre esta matéria”, diz.

Os avanços nestes cinco assuntos não dependem só da câmara municipal e os seus efeitos vão demorar a ver-se no terreno. O plano “para que cruzeiros e barcos sejam menos poluentes”, explica Medina, está a ser elaborado em conjunto com o Porto de Lisboa e implica a realização de obras em vários locais. “Isto é um problema que a cidade tem de resolver”, defende o autarca.

Lisboa é, segundo um estudo da Federação Europeia dos Transportes e Ambiente divulgado há meio ano, a sexta cidade europeia mais exposta à poluição dos navios de cruzeiro, cuja presença no Tejo aumentou substancialmente nos últimos anos, sobretudo depois da inauguração de um novo terminal. Neste momento está para discussão na assembleia municipal uma petição que defende a urgência de medidas mitigadoras.

Outra reivindicação crescente de muitos lisboetas é a implementação de mais restrições à circulação automóvel no centro e haverá iniciativas nesse sentido nos próximos meses, diz Medina. É previsivelmente uma das medidas que mais discussão vai gerar entre moradores e trabalhadores da cidade. O autarca sabe-o e replica que a Capital Verde Europeia “é sobretudo um instrumento de mobilização para a acção” e que o combate às alterações climáticas “implica escolhas”.

“O lema da Capital Verde – ‘Escolhe Evoluir’ – coloca a questão no termo exacto: isto é uma escolha política, feita ao nível das instituições, das empresas, das associações, das famílias, a nível individual. É uma escolha que tem de ser clara no sentido de uma evolução”, afirma. “A liderança política não se pode limitar a identificar um problema. O que nós temos visto com mais destaque mediático é quem expressa a emergência, mas isso tem de ter uma resposta. Na Capital Verde pretendemos precisamente valorizar as respostas, incentivá-las e acelerá-las. Temos de assegurar que não nos ficamos só pelo reconhecimento da situação de catástrofe.”

Alertando que “há um combate ideológico permanente” a fazer contra os negacionistas das alterações climáticas, o presidente da câmara sente hoje “muito mais apoio num conjunto de mudanças” do que há uns anos. “Há muita gente no mundo a fazer as coisas certas. Não temos é ainda um número suficiente de pessoas no mundo, nos sítios certos, a fazer as coisas certas. Temos de fazer mais, temos de fazer mais depressa”, advoga.

Este ano, para além da plantação de 20 mil árvores em quatro pontos da cidade (já no domingo) e da restante programação oficial da Capital Verde, a autarquia vai abrir novos espaços verdes como o da futura Feira Popular, em Carnide, e o Parque Ribeirinho Oriente, no Poço do Bispo. Está ainda previsto o início da criação de um novo corredor verde entre o Tejo e o Parque Urbano Vale da Montanha, através da Estrada de Chelas. Quando estiver pronto, haverá um corredor verde contínuo entre Xabregas, Alvalade, Monsanto e Alcântara.

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