Alyssa Carson quer ser a primeira a pisar Marte, o planeta que é a sua “casa”
É a mais jovem a concluir o Possum, um projecto apoiado pela NASA para cidadãos-cientistas, e tudo indicou que fosse este o caminho. Alyssa Carson decidiu aos três anos que queria ser astronauta e a primeira a pisar Marte. E acredita que será já em 2030 que poderá visitar o seu “planeta-casa”.
Aos três anos decretou não só que ia ser astronauta, mas também a primeira pessoa a pisar Marte. A ideia foi plantada na sua cabeça pelos The Backyardigans — uma série de animação onde cinco animais vivem diversas aventuras, entre elas uma visita a Marte — e assim permaneceu até hoje. Agora, aos 18 anos, Alyssa Carson está cada vez mais perto de cumprir o desejo de criança: depois de uma infância e adolescência onde o espaço esteve sempre presente, iniciou os treinos para astronauta, ao abrigo do projecto Possum (Polar Suborbital Science in the Upper Mesosphere), um programa de investigação para cidadãos-cientistas, apoiado pela Agência Espacial Norte-Americana (NASA). Foi a mais jovem até ao momento a participar no programa.
Basta percorrer a conta de Instagram de Alyssa para perceber o fascínio que nutre por tudo o que ultrapassa os limites do planeta Terra. Há vídeos dos treinos, há fotos com astronautas, há publicações sobre Marte, e há muitas, mesmo muitas, imagens onde aparece com o fato azul e o emblema da NASA. Sempre foi assim, desde que assistiu àquele episódio em que os cinco animais viajaram ao planeta vermelho: “Comecei a ver vídeos de rovers a aterrar em Marte. Tinha um mapa gigante do planeta no meu quarto, estava sempre a olhar para ele. Comprámos telescópios para podermos observar o espaço”, disse, em entrevista à Teen Vogue.
Aos sete anos, participou pela primeira vez num Acampamento Espacial em Huntsville, Alabama. Viu um foguetão em tamanho real: “Foi o fim-de-semana da minha vida.” Acabou por querer repeti-lo 18 vezes. Aos 12 anos, era a primeira pessoa a ter frequentado os três acampamentos da NASA — em Huntsville, nos Estados Unidos, Quebeque, no Canadá e Esmirna, na Turquia.
Na mesma altura, foi convidada para fazer parte de um painel de discussão sobre Marte e os desafios da missão para os humanos. Os restantes membros do painel eram doutorados e astronautas — e esse foi, por isso, um dos momentos da sua carreira de que mais se orgulha, contou numa palestra em Bucareste, na Roménia.
Mais tarde, conheceu Sandra Magnus, astronauta da NASA, que lhe contou que tinha decidido ir para o espaço quando tinha a idade de Alyssa — o que fez a jovem ter a certeza de que aquele não era um desejo momentâneo ou passageiro. “Fiz o mesmo que as outras crianças, mudei muitas vezes de ideias quanto à minha carreira. Queria ser professora ou presidente”, conta. “Mas sempre pensei que iria tornar-me primeiro astronauta, ir a Marte, voltar, e depois sim, tornar-me professora ou presidente.”
Alyssa já terminou a certificação necessária para fazer voos suborbitais, o que significa que já pode voar até ao espaço. Treinos de microgravidade, descompressão, mergulho, investigação e aulas, foram algumas das etapas que a jovem teve que completar para que o diploma do Possum lhe chegasse às mãos. E acredita que, se tudo correr como espera, por volta de 2030 poderá pôr o que aprendeu em prática e voar até Marte — o planeta procura no céu à noite, e ao qual gosta de chamar “casa”.
“Sabemos que com a tecnologia que temos disponível vamos demorar seis meses a chegar lá, ficar a viver no planeta durante cerca de um ano, e precisamos de nove meses para voltar”, explicou também na palestra. “Enquanto estiverem lá, os astronautas vão tentar adaptar-se às condições de vida em Marte, fazer investigação científica e tentar descobrir o máximo de coisas sobre o planeta.”
Há perigos associados a uma missão ambiciosa e Alyssa conhece-os. Por isso mesmo, disse à Teen Vogue que não quer criar laços afectivos até voltar da missão que tanto quer fazer: “A ideia de ter família é algo que a NASA quer que considere apenas quando voltar de Marte. É um sítio onde nunca estivemos, é uma missão perigosa. Ter alguém de quem gostamos na Terra é uma distracção”, atirou.
Além dos treinos, Alyssa escreveu um livro onde relata as suas experiências — Astronaut — e criou a Blueberry Foundation, uma fundação que permite que jovens que, como ela, sonham em sair da Terra, se candidatem a bolsas de estudo. O nome, Blueberry, é o seu nome código para missões. O lema: “Somos a geração de Marte.” Será?