Quem quer o lugar de Corbyn? Sucessão no Labour abre hoje

Partido Trabalhista abre esta terça-feira um processo, longo, para escolher um novo líder, depois da derrota pesada nas legislativas. No dia 4 de Abril é conhecido o vencedor.

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Reuters/HENRY NICHOLLS

O maior partido da oposição no Reino Unido, o Labour, precisa de um novo líder, depois de anos de divisão devido à batalha do “Brexit” e da pesada derrota nas eleições legislativas que deram a vitória a Boris Johnson e aos conservadores (e à saída do Reino Unido da União Europeia, marcada para 31 de Janeiro) - e que forçou Jeremy Corbyn a abrir a sucessão.

O partido reuniu nesta segunda-feira para marcar o calendário: as candidaturas para deputados e eurodeputados devem ser formalizadas entre esta terça-feira e as 14h30 de dia 13 (outras candidaturas são aceites até dia 15). A votação abre em Fevereiro (fecha a 14). A 21 de Fevereiro os votos são abertos e, a 4 de Abril, o vencedor é anunciado num congresso extraordinário. O sucessor vai ser escolhido pelas bases e outros apoiantes que se registem. Na eleição de Corbyn, em 2016, participaram 500 mil pessoas.

Para já, há seis candidatos. Defendem a continuidade, a ruptura total com os últimos anos ou um equilíbrio entre as facções depois de anos de guerra interna. Eis os principais: 

Clive Lewis

Ao anunciar a candidatura à liderança, Lewis, de 48 anos, disse acreditar que os membros do partido deviam ter um papel relevante na selecção dos candidatos e na determinação das políticas partidárias. Antes de se tornar deputado, em 2015, Lewis foi, durante dez anos, jornalista de televisão. Também é militar na reserva, tendo servido no Exército no Afeganistão em 2009. Esteve envolvido na política quando era estudante universitário e é agora o segundo porta-voz do Labour, tendo já sido porta-voz para as questões de Defesa e Negócios. Na batalha do “Brexit”, era a favor do remain.

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Lisa Nandy

De 40 anos, Nandy é a antiga chefe do partido para a Energia e o Clima. Disse que se o partido não mudar de rumo, torna-se-á irrelevante. Desde 2010 representa, no Parlamento de Westminster, a cidade de Wigan, no Norte de Inglaterra. Há muito que defende que o Partido Trabalhista tem que dar mais atenção às cidades onde, acredita, “há um forte sentimento de que o partido deixou de ouvir as pessoas”. Entrou em rota de colisão com Jeremy Corbyn e, em 2016, demitiu-se de ministra sombra da Energia. “Ele é incapaz de formar um gabinete sombra inclusivo, que seja o reflexo do melhor da esquerda e da direita que existe no nosso movimento”, escreveu.

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Jess Phillips

Conhecida por ser uma candidata sem papas na língua e muito cândida, Phillips é há muito uma crítica de Jeremy Corbyn e da sua liderança. Aos 38 anos, esta candidata à sucessão dirige um refúgio de mulheres vítimas de abusos domésticos e tornou-se deputada em Westminster por Birmingham Yardley, no centro de Inglaterra, em 2015. A mais nova de quatro filhos, Phillips cresceu numa casa que apoiava o Partido Trabalhista e foi filiada aos 14 anos, como prenda de anos. Em criança tinha a ambição de ser primeira-ministra. Disse que se candidata à liderança para enfrentar o primeiro-ministro Boris Johnson, e para reconstruir a confiança dos eleitores no Labour. A política precisa de vozes honestas, disse. É contra o “Brexit” e, numa entrevista esta segunda-feira, falou num novo conceito - o rejoin (readerir). 

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Keir Starmer

Starmer, de 57 anos, era o porta-voz do Labour desde Outubro de 2016 e é visto como tendo tido um papel crucial na decisão do partido defender a realização de um segundo referendo à saída do Reino Unido da União Europeia ("Brexit"). É a favor da permanência na UE. Diz que passou a vida a combater as injustiças, e que agora está pronto para enfrentar os conservadores de Boris Johnson. É considerado um centrista e tem advertido para o risco de haver uma reacção exagerada à derrota do partido nas legislativas que leve a que se deite fora toda a agenda de esquerda de Corbyn. Descreve-se como socialista. Starmer é um advogado com experiência de tribunais que esteve no Ministério Público antes de entrar no Parlamento. Em 2014 foi ordenado cavaleiro pelos seus serviços à Justiça. É, portanto, sir Keir Stamer.

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Emily Thornberry

Thornberry, de 59 anos, representa em Westminster o Norte de Londres (tal como Corbyn). Era a porta-voz do partido para a Política Externa. Apoiava o segundo referendo ao “Brexit” porque é a favor da permanência do Reino Unido na UE. Diz que o grande desafio do próximo líder não é sobre o “Brexit” mas sim derrubar Boris Johnson. Thornberry aderiu ao Labour aos 17 anos, motivada pela sua experiência de vida - foi educada por uma mãe solteira numa casa da segurança social. Tornou-se advogada que defendia causas de direitos humanos.

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Rebecca Long-Bailey

Tem 40 anos e é considerada uma forte candidata por ter uma relação muito próxima com os sindicatos, que são muito influentes no Partido Trabalhista. É próxima de Jeremy Corbyn e do seu maior aliado, John McDonnell. Representa o Norte de Inglaterra, e é actualmente a porta-voz de Corbyn. Ainda não oficializou a candidatura, mas já foi atacada por alguns sectores do partido. Esta segunda-feira, o ex-deputado Tom Watson (que abandonou o partido, e a política, em Dezembro), disse que as bases não podem eleger Long-Bailey, a candidata “da continuidade": “Ela é corbynismo em estado puro. Já perdemos duas eleições com este guião”. O primeiro emprego da candidata foi numa loja de penhores. É advogada, tendo trabalhado no sector da saúde.

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