Câmaras domésticas da Xiaomi mostravam imagens de outras casas

Falha acontecia quando o aparelho era ligado a um equipamento do Google. Utilizador diz ter visto imagens de um bebé num berço.

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A Xiaomi admitiu a falha Valentyn Ogirenko/Reuters

Uma falha técnica fazia com que câmaras domésticas da fabricante chinesa Xiaomi mostrassem a alguns utilizadores imagens que tinham sido captadas por outras câmaras, num exemplo de que como um erro de software pode levantar problemas de privacidade num mundo hiperconectado.

O caso foi descrito inicialmente no fórum online Reddit por um utilizador de uma das câmaras daquela marca. Segundo o utilizador, ao tentar aceder a imagens captadas pela sua própria câmara num dispositivo do Google chamado Nest Hub, foram-lhe apresentadas imagens estáticas retiradas de gravações de outras câmaras. As imagens incluíam a entrada de uma casa, um homem a dormir e um bebé num berço – este tipo de câmaras, que podem ser controladas à distância, são usadas com frequências por pais para monitorizarem crianças.

A Xiaomi admitiu o problema, mas adiantou que ainda não o conseguiu resolver. Na sequência das notícias, o Google cancelou a ligação dos produtos da Xiaomi ao Google Nest Hub, um aparelho semelhante a um tablet que integra o assistente digital do Google e pode ser conectado a câmaras de algumas marcas. Segundo a Xiaomi, o problema não acontece quando a câmara é usada através da aplicação da própria fabricante.

A Xiaomi é uma multinacional chinesa, que nos últimos anos se tornou a quarta maior fabricante mundial de smartphones. Também produz pulseiras desportivas, computadores e outros tipos de equipamentos de electrónica.

Vários casos recentes têm demonstrado os problemas de privacidade e de segurança colocados pela miríade de aparelhos conectados que são cada vez mais usados em ambiente doméstico.

Tanto o Google, como a Amazon e a Apple têm lançado colunas inteligentes, que podem ser ligadas a outros aparelhos e controladas por voz. Os assistentes digitais dos telemóveis – como a Siri, da Apple, e o Assistant, do Google – também dão aos utilizadores o mesmo tipo de funcionalidades. E várias empresas, desde gigantes da electrónica como a Samsung até pequenas startups, estão a criar dispositivos que podem ser controlados via Internet – lâmpadas, termóstatos e fechaduras de portas.

No ano passado, foi noticiado que Apple, Google, Amazon, Facebook e Microsoft tinham pessoas contratadas para ouvirem excertos das interacções de voz dos utilizadores com os aparelhos, de forma a melhorarem o desempenho dos respectivos serviços. De acordo com o relato daquelas pessoas, em algumas situações os ficheiros de áudio analisados continham conversas e gravações de situações íntimas.

Já em 2018, uma coluna Echo, da Amazon, tinha gravado uma discussão de um casal e acidentalmente enviado a gravação a outra pessoa. Este tipo de serviços é activado com uma expressão específica (como “ei, Google”) e está, por isso, constantemente a monitorizar o som à volta do aparelho. De acordo com a Amazon, o equipamento foi activado por uma palavra na discussão que soava a “Alexa”, o nome da assistente digital da empresa.

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