Impeachment de Trump: senadora Lisa Murkowski “incomodada” com estratégia de McConnell

Decisão de colaboração próxima entre a liderança do Senado dos EUA e a Casa Branca não é consensual entre os republicanos.

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A senadora Lisa Murkowski, do Alasca JAMES LAWLER DUGGAN/Reuters

A senadora republicana Lisa Murkowski disse estar “incomodada” com a estratégia do líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, de trabalhar em “colaboração próxima com a Casa Branca no processo de impeachment do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Acho que devemos dar um passo atrás para não alinharmos totalmente com a defesa”, afirmou Murkowski, senadora pelo Alasca, numa entrevista a uma estação local da NBC. “Ouvi o que disse o líder McConnell. Acho que confunde mais o processo”, declarou. O líder do Partido Republicano no Senado fez este comentário numa entrevista à Fox News.

Murkowski insiste que é preciso distância entre a Casa Branca, que defende Trump, e o Senado, que age como tribunal no julgamento do impeachment, sobre como deverá ser conduzido o processo.

A senadora garante que ainda não decidiu o seu sentido de voto no impeachment.

Na semana passada, Trump foi formalmente acusado de abuso de poder e obstrução do Congresso, num processo de destituição iniciado pelo Partido Democrata na Câmara dos Representantes.

A razão para a acusação é a suspeita de que Trump pressionou o Presidente ucraniano para este anunciar uma investigação das autoridades a Joe Biden, antigo vice-presidente e um dos principais nomes na corrida à nomeação democrata à candidatura à presidência em 2020, e ao seu filho, Hunter Biden, que tem negócios na Ucrânia.

Trump afirma que não fez nada de errado e apresenta o processo contra si como uma caça às bruxas. 

Os republicanos têm uma maioria de 53 no Senado, onde serão precisos 51 votos para aprovar a definição de uma série de regras para o processo. Para aprovar uma condenação é depois preciso uma maioria de dois terços, o que praticamente garante que Trump não será mesmo afastado do cargo.

Apesar disso, o facto de estar em campanha enquanto decorre o processo do impeachment poderá ter efeitos na corrida à reeleição de Trump, efeitos que podem ser prejudiciais quer para o chefe de Estado, quer para os democratas.

O processo de impeachment não tem regras definidas, e a speaker da Câmara dos Representantes, e democrata Nancy Pelosi, está a pressionar os republicanos no Senado para a definição destas regras e evitar o que Pelosi chama um julgamento parcial.

Chamar ou não testemunhas tem sido um dos pontos discutidos. McConnell adiantou que não exclui ouvir testemunhas, mas recusou definir já que o fará, como foi pedido pelos democratas.

Murkowski é considerada uma republicana moderada com tendência a ter posições independentes (votou contra a confirmação de Brett Kavanaugh para o Supremo, por exemplo). Uma disputa pela candidatura republicana nas eleições de 2010 partiu o partido republicano no Alasca até hoje – Murkowski não foi escolhida para ser candidata republicana, no entanto, acabou por ganhar na mesma a eleição (apoiada por independentes e democratas).

Para tentar obter os votos que faltam para obrigar à audição de testemunhos de pessoas próximas de Trump, os democratas estão focados em Murkowski e em Susan Collins, senadora republicana do Maine, cujo lugar vai estar em jogo em 2020, e cujas hipóteses de ser reeleita poderão melhorar se apoiar o processo do impeachment.

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