Deputados brasileiros querem ouvir Porta dos Fundos sobre Jesus gay

Políticos recolheram assinaturas para instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito aos humoristas, acusando-os de desrespeitarem a Constituição. “Se não respeitam a fé, vão respeitar o peso da lei”, avisam.

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Gregorio Duvivier e Fábio Porchat, humoristas da Porta dos Fundos DR

Deputados do estado de São Paulo querem que os humoristas do grupo Porta dos Fundos sejam questionados no Parlamento brasileiro sobre o episódio especial de Natal, acusando-os de difamação religiosa. No filme em questão, Jesus Cristo está numa relação homossexual e Deus, Maria e José envolvidos num triângulo amoroso. A orientação sexual ficcionada da figura religiosa na película irritou os sectores brasileiros mais conservadores. 

Num vídeo publicado no Twitter, os três deputados promotores deste pedido para uma Comissão Parlamentar de Inquérito mostram-se revoltados com os humoristas, acusando-os de infringirem a Constituição brasileira.

“Eles agridem e vilipendiam as religiões, não é só uma religião. Recentemente fizeram um escárnio com a Última Ceia”, começa por dizer Frederico D’Avila, deputado estadual de São Paulo pelo Partido Social Liberal, antiga força política do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. A seu lado, Altair Moraes, do partido de direita Republicanos, reitera que os deputados são a favor da liberdade de expressão, mas que os humoristas infringiram a Constituição. “Somos contra o crime, porque vilipêndio religioso é crime. E se não respeitam a fé vão respeitar o peso da lei.”

De acordo com a Assembleia Legislativa de São Paulo, perto de 50 deputados estaduais assinaram o requerimento para a instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito aos humoristas, que será protocolado em Fevereiro de 2020. Altair Moraes garantiu no Twitter que todas as assinaturas necessárias para a instauração deste procedimento tinham sido recolhidas.

Também Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, tinha criticado publicamente o episódio da Porta dos Fundos, partilhando uma imagem onde se podia ler: “Netflix ataca cristãos”. Foi ainda criada uma petição pública contra a exibição do episódio que reúne quase dois milhões de assinaturas. 

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