Um milhão de assinaturas e o filho de Bolsonaro contra o Jesus gay da Porta dos Fundos

Especial de Natal do grupo humorístico brasileiro irrita sectores conservadores. Fábio Porchat diz que cristãos se devem irritar antes “com a desigualdade que destrói” o Brasil.

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Jesus tem relação homossexual no especial de Natal da Porta dos Funfos DR

Depois de, em 2018, o colectivo humorístico brasileiro Porta dos Fundos ter recriado a Última Ceia inspirando-se na trilogia de filmes A Ressaca, o Especial de Natal de 2019 do grupo voltou a causar polémica junto dos cristãos conservadores brasileiros. Na película disponível na plataforma Netflix, Jesus Cristo, interpretado por Gregorio Duvivier, é homossexual e tem uma relação com a personagem interpetrada por Fabio Porchat. E os comediantes também fazem referência a um triângulo amoroso composto por Deus, Maria e José.

A orientação sexual ficcionada de Jesus está a gerar desconforto junto dos sectores brasileiros mais conservadores. Eduardo Bolsonaro, filho do Presidente Jair Bolsonaro, criticou o episódio de Natal da Porta dos Fundos, expressando o seu descontentamento na rede social Twitter. “Somos a favor da liberdade de expressão, mas vale a pena atacar a fé de 86% da população? Fica a reflexão”, escreveu o deputado federal, partilhando uma imagem onde se pode ler que a “Netflix ataca cristãos”.

Foi também criada uma petição pública a pedir a proibição da exibição do episódio, intitulado A Primeira Tentação de Cristo, “por ofender gravemente os cristãos”. Na noite desta quinta-feira, o documento contava com mais de 1,2 milhões de assinaturas.

Os comediantes visados usaram o Twitter para reagir às críticas. Citando o tweet do filho de Jair Bolsonaro, Gregorio Duvivier regozijou-se com o facto de o episódio estar a ser visto “por todo o mundo”. Fabio Porchat foi mais ríspido, incitando os que ficaram ofendidos com o especial de Natal a indignarem-se antes “com a desigualdade que destrói o país”.

Mas não foram só os cristãos a repudiarem o filme de 46 minutos: no início da semana, a Associação Nacional de Juristas Islâmicos (ANAJI) do Brasil emitiu uma nota de repúdio ao episódio, considerando que “escarnece da fé cristã e do profeta Jesus e Maria”. 

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