Greta Thunberg diz que jovens faltarem às aulas para protestar “não é uma solução sustentável”

À margem da Cimeira das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, a activista falou para uma sala muito concorrida juntamente com três membros do movimento Fridays For Future. E exigiu mudanças: “O que queremos é acção e isso ainda não aconteceu. Desse ponto de vista, não alcançámos nada.”

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Greta Thunberg LUSA/KIKO HUESCA
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Greta Thunberg Reuters/SERGIO PEREZ
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Greta Thunberg Reuters/SERGIO PEREZ

Antes de seguir para a Marcha do Clima convocada para esta sexta-feira, 6 de Dezembro, ao fim da tarde em Madrid, Greta Thunberg deu uma conferência de imprensa com outros três membros do movimento Fridays For Future: a ugandesa Vanessa Nakate e os espanhóis Alejandro Martinez e Shari Crespi. À margem da Cimeira das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP25), a activista sueca falou para uma sala muito concorrida onde só entraram os canais de televisões e as rádios, já que os restantes jornalistas tiveram de assistir pela televisão numa sala à parte.

A maioria das questões foi dirigida a Greta, que bem tentava “esquivar-se” e passar a resposta aos colegas do lado. Questionada sobre se faltavam mais figuras como ela e se seria preferível estar ali a escutá-la ao invés de assistir às conferências da COP25, a sueca afirmou que era apenas “uma pequena parte de um movimento maior”. “Claro que não devem ouvir-me em vez de [ouvirem] essas pessoas. (...) Precisamos de mais activistas, sim.”

Durante a conferência de imprensa que decorreu no espaço La Casa Encendida, um centro cultural perto da zona de Atocha, de onde partiria, pouco depois, a Marcha do Clima, Greta criticou os políticos e outras figuras públicas que parecem querer calar os mais jovens. “Algumas pessoas querem manter tudo como está. As pessoas mais novas querem a mudança. E por isso são silenciadas. Eles têm medo da mudança e de as nossas vozes serem ouvidas”, explicou a sueca de 16 anos.

Quando pediram à jovem para falar sobre o que já alcançou com um ano de greve às aulas pelo clima, Greta disse que já fez “muito” e que os jovens conseguiram “aumentar a consciência pública sobre o assunto”. Por outro lado, a activista é da opinião que as crianças não podem continuar a faltar à escola e que terão de a ser os políticos a agir. “É um grande passo na direcção certa. No entanto, as emissões estão a aumentar e por isso não é uma vitória. O que queremos é acção e isso ainda não aconteceu. Desse ponto de vista, não alcançámos nada”, disse.

Marcha pelo Clima, em Madrid Rafael Marchante/Reuters
Marcha pelo Clima, em Madrid EPA/Rodrigo Jimenez
Marcha pelo Clima, em Madrid REUTERS/Sergio Perez
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Marcha pelo Clima, em Madrid Rafael Marchante/Reuters

Para a jovem, que ao protestar todas as sextas-feiras à porta do Parlamento sueco inspirou a criação do Fridays For Future, um movimento global de greves climáticas lideradas principalmente por estudantes, pedir às crianças que deixem a escola para protestar contra a inacção dos governos “não é uma solução sustentável”. A activista disse ainda esperar que a ronda de negociações que se iniciou esta semana na COP25 leve a “acções concretas” e a que os líderes mundiais compreendam a urgência da crise climática. "A COP25 é significativa, não podemos esperar pela COP26 [que se realiza em Novembro de 2020 na cidade escocesa de Glasgow], não podemos permitir meio ano, mais dias para uma acção real. A COP25 não é algo que deva ser ignorado e adiado.”

Sobre o facto de a Cimeira do Clima ter sido transferida de urgência para Madrid, depois de o Chile ter anunciado que renunciava à sua organização devido à contestação social sem precedentes no país, a activista garantiu que tem seguido de perto os últimos acontecimentos e que está com o povo chileno, dizendo ainda que espera que a “situação melhore”.

A activista sueca chegou esta manhã à capital espanhola. A sua agenda para a COp25 também inclui a sua participação, segunda-feira, no evento “Crianças e Jovens perante as Alterações Climáticas”, acompanhada da Ministra da Educação espanhola, Isabel Celaá, a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, e a directora executiva da Unicef, Henrietta H. Fore.

A jornalista viajou a convite da Talgo

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