Greve em França afecta transportes e escolas nas primeiras horas da manhã

Manifestantes saem às ruas de França nesta quinta-feira para contestar a reforma do sistema de pensões. Pela manhã, há serviços fechados e poucos transportes públicos em funcionamento.

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A greve contra o projecto de reforma das pensões em França, propostas por Emmanuel Macron, está a sentir-se esta quinta-feira nos transportes ferroviários e aéreos, assim como nos estabelecimentos de ensino e museus.

A Sociedade Nacional de Caminhos de Ferro (SNCF) já alertou que apenas circula um em cada dez comboios de alta velocidade (TGV), verificando-se a mesma situação nas ligações ferroviárias nos arredores de Paris e nas ligações Intercidades. 

A circulação dos comboios que fazem as ligações regionais está restringida a um em cada cinco e as viagens de comboio internacionais “estão muito afectadas” devido à paralisação. Alguns jornalistas franceses dizem que há estações de comboio desertas - 11 das 16 linhas do Metro de Paris estão simplesmente encerradas, e os trabalhadores de algumas das linhas decidiram já prolongar a greve até segunda-feira, avança o Le Monde

Em cidades como Marselha, Lille, Bordéus, Nice ou Estrasburgo a circulação de transportes está igualmente afectada. 

Segundo o Ministério da Educação, nas escolas primárias e nos jardins-de-infância, a taxa de greve atinge os 51,5%. Em Paris, espera-se que 78% dos professores faça greve. Os professores são um dos sectores apontados como “perdedores” no relatório entregue em Julho por Jean-Paul Delevoye, alto-comissário para os pensionistas, na qual se baseará a lei que vier a ser apresentada pelo Governo do Presidente Emmanuel Macron.

A reforma que se espera de Macron deverá substituir os 42 regimes de pensões actuais por um único sistema por pontos. Dessa forma, acabariam os regimes de pensões de alguns sectores, como o dos ferroviários, que permitem a reforma mais cedo e em melhores condições remuneratórias. Por este motivo, há uma adesão muito elevada à greve no sector ferroviário.

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Ainda não se sabe qual a duração exacta da greve: é provável que dure pelo menos até segunda-feira, o que levou a ministra da Transição Ecológica, Élisabeth Borne, a dizer que “não se prevêem melhorias nos transportes amanhã [sexta-feira]”.

A Direcção Geral da Aviação Civil (DGAC) referiu-se à anulação de pelo menos 20% dos voos desta quinta-feira com origem ou destino em França. Em todo o país estão convocadas 245 manifestações, mas o protesto principal está marcado para as 14h (13h em Lisboa) em Paris. 

No sector petroquímico, a adesão está a ser enorme, segundo Daniel Bretones, dirigente da CGT no complexo petroquímico de Lavéra em Martigues, com 900 trabalhadores. A taxa de adesão à greve, disse ao Le Monde, “é das maiores desde a década de 1970”. Anunciou uma adesão de 100% em vários locais.

A distribuição de jornais em papel também foi “fortemente afectada” nesta quinta-feira, escreve o Le Figaro. Este e outros jornais nacionais decidiram não imprimir a versão deste dia “devido à greve”, mas ressalvam que todos os jornais continuam a funcionar normalmente na versão online.

As centrais sindicais CGT, FO, FSU, Solidaires, UNL e UNEF convocaram a greve por considerarem que o novo regime vai atingir um grande número de pensões e “vai degradar os direitos de todos”. “Estamos em greve pela melhoria do sistema actual”, disse Philippe Martinez, líder da CGT, à televisão de notícias 24 horas BFMTV, 

Entretanto, o secretário de Estado francês dos Transportes, Jean-Baptiste Djebbari, admitiu que “é preciso ser lúcido”, prevendo que as paralisações podem prolongar-se durante vários dias. Djebbari acrescentou que vai reunir-se esta quinta-feira com os sindicatos para tentar encontrar soluções para a crise.

Uma sondagem Odoxa para o jornal Le Figaro revelou que 66% desejam que se acabe com os 42 tipos de regimes de pensões. E sete em cada dez franceses concordam com a greve.

Na capital, a Torre Eiffel foi fechada por falta de funcionários e há um dispositivo de cerca de seis mil polícias preparados para quando as manifestações começarem, por se recear a acção de “grupos violentos” - radicais dos “coletes amarelos” e os chamados “black blocs”. Foi recomendado o encerramento de todos os estabelecimentos comerciais ao longo do percurso da manifestação, que parte da zona da Gare du Nord até à Praça da Nação.

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