Utilizadores da Carris queixam-se de atrasos e sobrelotação dos autocarros

Os utentes queixam-se que os autocarros chegam às paragens atrasados e cheios de pessoas, sendo que muitas bastante tempo à espera para ver o autocarro chegar e não parar porque já vai cheio demais.

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Miguel Manso

Os constantes atrasos e a sobrelotação dos autocarros são as queixas mais recorrentes dos utilizadores da rede da Carris, na cidade de Lisboa, apesar da empresa afirmar que o investimento da câmara permitiu melhorar o serviço.

“Após quase uma década de forte desinvestimento no transporte público, a passagem da Carris para a Câmara Municipal de Lisboa (CML) em 2017 e o consequente novo ciclo de investimentos em frota e na contratação de tripulantes permitiu uma aposta na melhoria contínua do serviço ao cliente, que vai desde a evolução nos percursos das carreiras já existentes, nos horários e frequência, lançamento de novas carreiras, reforço global de serviço, crescimento da oferta ao fim de semana”, realçou a secretária-geral da empresa, Ema Vieira, em declarações à agência Lusa.

A implementação dos novos passes, o navegante e o metropolitano, aglomerou um maior número de redes de transporte, o que resultou num aumento de passageiros, apesar de não ter havido um aumento de veículos em número suficiente, segundo os utentes ouvidos pela Lusa.

A Carris introduziu novos autocarros para reforçar a frota existente e, segundo a secretária-geral da Carris, isso vai permitir elevar o nível de conforto e fiabilidade do serviço, mas a medida é considerada por alguns utilizadores como insuficiente, reafirmando que a empresa não acompanhou bem a criação dos novos passes.

“Os autocarros vêm sempre atrasados, seja hora de ponta ou não. Não conseguiram acompanhar os novos passes basicamente. Já me aconteceu, várias vezes, os autocarros estarem tão cheios que apenas passaram pela minha paragem para dizer “adeus”. Só para ter uma noção, até quando apanho o autocarro às 06:00 da manhã, eles chegam atrasados”, disse Maria Lopes, utilizadora diária da rede.

Os utentes queixam-se que os autocarros chegam às paragens atrasados e cheios de pessoas, sendo que muitas estão já há algum tempo à espera, na paragem, de um autocarro que muitas vezes não para porque já leva mais pessoas do que aquilo que a sua capacidade permite. Acrescentam ainda que muitas vezes ficam à espera mais de 15 minutos por um autocarro para depois aparecerem dois de seguida.

“Os autocarros vão cheios demais. Não passam à hora marcada e depois é um caos. Já fiquei quase uma hora à espera do autocarro e depois vieram dois seguidos”, disse Helena Gomes, outra utilizadora desta rede de transportes públicos.

Em relação a esta questão, a Carris não fez qualquer comentário, apenas informou que vai continuar “fortemente empenhada em melhorar continuamente, a todos os níveis, dia após dia, o serviço que presta aos seus clientes”.

A Lusa fez nas últimas semanas algumas viagens em quatro autocarros da rede, (729 - Algés/ Bairro Padre Cruz; 736 - Cais do Sodré/ Odivelas; 767 - Reboleira/ Campos Mártires da Pátria e 783 - Amoreiras/ Portela), em ambos os sentidos, sobretudo nas horas de ponta, entre as 08h00 e as 10h00 e das 17h00 às 19h00, para ver a frequência dos autocarros e a sobrelotação ou não dos mesmos.

Num dos dias, durante o período da manhã, dos dois autocarros verificados (736 e 783) no Marquês de Pombal, em ambos os sentidos, nenhum passou à hora marcada presente nos horários que constavam na paragem. Os tempos de espera foram desde os dois minutos aos 28 minutos, sendo que em muitos o tempo de espera era de mais de 15 minutos para depois aparecerem dois autocarros.

Entre os tempos definidos pelos horários, passaram mais autocarros do que aqueles que “estão previstos” nos próprios horários. No Marquês de Pombal, entraram muitas pessoas no 736 e 783, que depois se vão acumulando pelo caminho, acabando por sair no Saldanha, Campo Pequeno e Campo Grande.

Durante o período da tarde, num outro dia, foram analisados dois outros autocarros (729 e 767), em ambos os sentidos, e foram poucas as carreiras que passaram à hora marcada nos horários. Os tempos de espera alternaram entre os três minutos e os 29 minutos, sendo que em dois períodos a espera foi de 18 minutos, e quando o autocarro chegou veio logo outro atrás.

Em alguns momentos, relativamente aos tempos delineados pelos horários, passaram menos autocarros do que aqueles que estavam previstos nos próprios horários.

No Colégio Militar, o 767 para a Reboleira ou para o Campos Mártires da Pátria estava quase sempre lotado. Apesar de muitas descerem no Colégio Militar, o autocarro continua bastante preenchido.

A Lusa fez também algumas viagens durante a semana da cimeira da tecnologia Web Summit, em que foi possível verificar um aumento da frequência dos autocarros em circulação, diminuindo assim a presença de pessoas nas paragens, apesar de existirem na mesma atrasos e alguns até ultrapassarem os 18 minutos.

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