Julian Assange pode morrer na prisão caso não receba tratamentos médicos, asseguram 60 médicos

Clínicos avisam que o fundador do Wikileaks poderá morrer se não for diagnosticado e tratado. Pedem a sua transferência para um hospital universitário em Londres.

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Assange revelou vídeos de bombardeamentos norte-americanos que causaram a morte de civis no Iraque e Afeganistão LUSA/NEIL HALL

A saúde de Julian Assange está em tão mau estado que o fundador do Wikileaks pode morrer na prisão de alta segurança britânica em que está detido. É este o alerta de uma carta aberta assinada por 60 médicos dirigida à ministra do Interior britânica, Priti Patel. 

“Como médicos, escrevemos esta carta para expressar as nossas sérias preocupações sobre a saúde física e mental de Julian Assange”, alertam os profissionais de saúde no documento com 16 páginas. Para os médicos, o fundador do Wikileaks “precisa urgentemente de diagnóstico médico” para que “qualquer tratamento indicado seja administrado por pessoal devidamente equipado e com experiência”. 

E deixam um aviso claro. “Se o diagnóstico urgente e tratamento não acontecerem, temos sérias preocupações, de acordo com as provas de que dispomos, que o senhor Assange pode morrer na prisão. A situação médica é portanto urgente. Não há tempo a perder”, continuam na carta. 

Os médicos, que basearam a sua avaliação em “relatos angustiantes de testemunhas” da aparição de Assange em tribunal a 21 de Outubro e 1 de Novembro do relator especial das Nações Unidas para a tortura, Nils Melzer, pedem ainda que Assange seja transferido da ala de enfermaria da prisão de alta segurança para um hospital universitário em Londres. 

Expressaram ainda dúvidas de que Assange, de 48 anos, esteja capaz de comparecer na audição marcada para Fevereiro onde deverá ser decidida a sua extradição para os Estados Unidos.

A ministra do Interior britânica ainda não reagiu à carta. 

Os Estados Unidos continuam a lutar pela extradição de Assange para solo norte-americano sob acusações de espionagem. Se tal acontecer, pode enfrentar até 175 anos de prisão.

Em 2010, o Wikileaks divulgou documentos diplomáticos do Departamento de Estado norte-americano, no que foi uma das maiores brechas de segurança dos EUA. Também divulgou vídeos de bombardeamentos norte-americanos no Iraque e Afeganistão que custaram a vida a vários civis, o que foi um duro embaraço para Washington. 

Em 2011, Assange refugiou-se na embaixada do Equador em Londres e foi, em Abril deste ano, retirado à força dela pela polícia britânica, após a mudança de Presidente ecuatoriano. Foi detido e enviado para uma prisão de segurança máxima. 

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