Petição exige medidas que reduzam poluição gerada pelos navios de cruzeiro em Lisboa

O texto destaca que os navios de cruzeiro mantêm os motores em funcionamento enquanto estão estacionados, queimando em cada escala dezenas de toneladas de combustível extremamente poluente.

Foto
Ricardo Lopes

Cerca de 800 cidadãos já assinaram uma petição a exigir medidas que reduzam a poluição gerada pelos navios de cruzeiro em Lisboa, assim como um estudo sobre os impactos da operação do Terminal de Cruzeiros para a saúde pública.

Disponível desde quinta-feira da semana passada e dirigida à administração do Porto de Lisboa, à autarquia da capital e à assembleia municipal, a petição contava nesta sexta-feira com 793 subscrições.

O texto destaca que os navios de cruzeiro mantêm os motores em funcionamento enquanto estão estacionados, “queimando em cada escala dezenas de toneladas de combustível extremamente poluente, cujas emissões não são, na grande maioria dos casos, filtradas ou sujeitas a tratamento”.

Esta poluição do ar pode causar doenças coronárias e respiratórias, cancro do pulmão, ataques cardíacos, além de destruir “importantes ecossistemas e a sua biodiversidade, incluindo a dos sistemas aquáticos por acidificação,” e danificar edifícios e monumentos.

A petição solicita, assim, ao Porto de Lisboa e à autarquia da capital, liderada por Fernando Medina (PS), um conjunto de medidas para reduzir a poluição do ar gerada pelos navios de cruzeiro, entre as quais o “estabelecimento de políticas ambientais mais rigorosas”, maior fiscalização, assim como “aplicação de sanções e total impedimento da entrada” deste tipo de embarcações no rio Tejo “que não transitem para combustíveis mais limpos até 2021”.

A restrição do número de navios aportados em simultâneo, a instalação de estações de medição da qualidade do ar no perímetro dos terminais de cruzeiro, com disponibilização pública dos dados, e a realização de um “estudo cientificamente válido que torne claros os custos para a saúde pública da operação do Terminal de Cruzeiros”, são outras das soluções propostas.

O texto refere também que existem “à disposição dos terminais portuários medidas mitigadoras do problema”, sendo que “uma das mais eficazes consiste no fornecimento de electricidade por parte do porto aos navios, permitindo que estes mantenham os seus motores desligados durante a escala, evitando assim que permaneçam em funcionamento chaminés a céu aberto”.

Esta deve ser uma medida a ser implementada dentro de dois anos, “tornando-a obrigatória para todos os navios”, consideram os peticionários.

De acordo com a petição, “estas plumas de poluição afectam diária e continuamente moradores e trabalhadores de Alfama, Santa Apolónia, Xabregas, Beato, Marvila, Parque das Nações, Chelas, Costa do Castelo, São Vicente, Graça, Baixa Chiado, Cais do Sodré e Alcântara, havendo nessas zonas relatos de aumento de sintomas de doenças das vias respiratórias, irritação e ardor nos olhos e garganta, tosse, bronquite asmática, entre outros”.

O texto, ressalva, porém, que embora esta seja a população mais afectada, os impactos da poluição estendem-se a toda a cidade de Lisboa e arredores, uma vez que alguns dos poluentes são transportados a longas distâncias.

Os peticionários defendem ainda que “o tráfego e estacionamento de navios de cruzeiro na cidade não se coaduna com as intenções anunciadas pela CML [Câmara Municipal de Lisboa] de implementar um modelo sustentável para a mobilidade, de tornar a cidade de Lisboa mais amiga do ambiente e muito menos de promover boas práticas ambientais”.

“O favorecimento por parte do município do turismo de massas desregrado em navios de cruzeiro, uma das maiores fontes de poluição da cidade, anula uma melhoria da qualidade do ar que poderia ser conseguida com o aumento da oferta de transportes públicos. Tudo isto torna ainda profundamente irónico o título atribuído à cidade de “Capital Verde Europeia 2020"”, reforçam.

A petição pode ser consultada neste link.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários