Abusos sexuais: Príncipe André nega crimes relacionados com Jeffrey Epstein

Duque de Iorque falou pela primeira vez do caso em entrevista à BBC, ainda que já tivesse negado o caso em Agosto, através de uma declaração escrita. Admite ter envergonhado a família real por ter mantido uma amizade com o predador sexual, mas nega envolvimento nos crimes.

Foto
POOL New/Reuters

Pela primeira vez, o príncipe André, duque de Iorque, abordou numa entrevista à BBC a relação de amizade que mantinha com Jeffrey Epstein, o milionário norte-americano acusado de dirigir uma rede de tráfico de mulheres (incluindo menores de idade) para fins sexuais. Jeffrey Epstein foi encontrado morto na sua cela numa prisão de segurança máxima, em Manhattan, Nova Iorque, no que aparenta ter sido um caso de suicídio.

O filho da rainha Isabel II do Reino Unido era próximo do magnata, com a imprensa britânica a divulgar fotos que provavam que os dois homens continuavam amigos, mesmo depois de Epstein ter sido condenado por ter prostituído uma menor. Numa entrevista ao programa Newsnight da BBC, reconheceu que o facto de ter ficado na mansão do milionário em 2011 - apenas por “conveniência” - envergonhou a família real: “O problema foi o facto de, após [Epstein] ter sido condenado, eu ter ficado em casa dele. Essa é a parte de que me arrependo, pois não foi digno de um membro da família real. Tentamos manter os mais elevados padrões e comportamentos e eu desiludi-os.”

Uma das alegadas vítimas de Epstein, Virginia Roberts, afirmou que foi obrigada a manter relações sexuais com os amigos do magnata quando era menor. Uma dessas pessoas terá sido o príncipe André. Em tribunal, Virginia afirmou que jantou com o filho da rainha Isabel II, que terá ido a uma discoteca londrina após o jantar e que, depois, terá sido abusada sexualmente pelo duque numa casa que pertencia a Ghislaine Maxwell, amiga próxima de Epstein. O príncipe nega categoricamente estas alegações.

“Não tenho qualquer recordação de alguma vez ter conhecido essa senhora”, afirmou à BBC. Quando confrontado com uma fotografia tirada com a jovem, o príncipe disse que não tinha qualquer recordação do momento em que a foto tinha sido capturada. Alegou, também, que a fotografia aparentava ter sido registada no andar de cima da casa de Ghislaine Maxwell, piso que pensa “nunca ter visitado”.

Virginia Roberts alega que terá tido mais do que um encontro sexual com o duque. Num desses casos, o príncipe garante que, no dia referido pela mulher, 10 de Março de 2001, terá estado com os filhos em casa. Durante a tarde terá levado a filha Beatrice a uma festa no restaurante Pizza Express, em Woking, algo que invalidaria o relato da jovem. “Estava com as crianças e levei a Beatrice ao Pizza Express em Woking para uma festa por volta das 16h, 17h. Isto porque a duquesa [Sarah Ferguson] não estava connosco e temos uma regra simples: quando um está longe [das crianças] o outro está com elas”.

Analistas britânicos sublinham que o filho mais novo da rainha Isabel II de Inglaterra não mostrou quaisquer sinais de “arrependimento ou apresentou desculpas durante a entrevista”, como escreveu, por exemplo, Jonny Dymond, o jornalista da BBC que cobre a família real britânica. “Para além de ter visitado a casa de Epstein em 2010, o príncipe André não parece pensar ter feito nada de errado”, escreveu no site da BBC.

Após a morte do magnata e respectivo arquivamento do caso, as investigações dos alegados crimes sexuais por ele perpetrados viram-se agora para possíveis cúmplices, que poderão ser acusados pela justiça norte-americana

Sugerir correcção
Comentar