Aguiar-Branco apoia Montenegro na candidatura à liderança do PSD

O antigo ministro da Defesa entende que Luís Montenegro quer o PSD como “alternativa clara e inequívoca” ao PS.

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Ferro Rodrigues, Aguiar-Branco e Luís Montenegro (à direita) Daniel Rocha

O antigo ministro da Defesa José Pedro Aguiar-Branco manifestou nesta terça-feira o seu apoio a Luís Montenegro na disputa interna no PSD por entender que este candidato quer o partido como “alternativa clara e inequívoca” ao PS.

Em declarações à Lusa, Aguiar-Branco, que também foi líder parlamentar do PSD e candidato à liderança em 2010, apelou ainda a que a questão do pagamento das quotas não seja “tema central” na campanha interna, considerando incompreensível que o futuro do partido e do país possa ficar dependente de saber “quem paga dois ou três euros de quotas por mês”.

“Respeito todos os candidatos à liderança e reconheço que têm todos mérito para virem a ser presidentes do PSD. O que determina a minha opção não tem uma natureza pessoal, mas sim o que entendo ser melhor para o PSD e para o país referente ao posicionamento estratégico que o partido deve ter”, explicou. Para o ex-deputado, o PSD deve seguir uma estratégia de ser “uma inequívoca alternativa ao PS”. “É legítima uma opção que coloque o PSD numa lógica de subalternidade, mas eu entendo que é necessária uma afirmação clara e inequívoca em relação ao PS e essa é protagonizada de forma indiscutível pelo Luís Montenegro”, afirmou.

Aguiar-Branco considerou “exemplar” a forma como Montenegro desempenhou a liderança parlamentar do PSD durante os tempos da “troika” e defendeu que será a melhor alternativa “em relação a um frentismo de esquerda liderado pelo PS”, desvalorizando o facto de o candidato não ser deputado na actual legislatura. “Os grupos parlamentares do PSD - mesmo quando se tentou aparentar coisa diferente - sempre demonstraram serem leais com qualquer direcção nacional”, afirmou, considerando que, mesmo durante a liderança de Rui Rio, a tensão com a bancada “foi mais forjada e fabricada do que era na realidade”.

Aguiar-Branco, que há dois anos não tomou posição na disputa interna entre Rio e Santana Lopes e em Janeiro já tinha apoiado Luís Montenegro quando este defendeu a realização de directas antecipadas, considerou que os resultados do PSD nas eleições europeias e legislativas confirmaram a sua visão sobre o posicionamento do partido. “Uma alternativa ao PS tem de ser uma alternativa a tempo inteiro, não é durante duas semanas numa campanha eleitoral, o PSD tem de ser um partido charneira e agregador de uma alternativa clara ao PS (...) Essa afirmação em relação ao PS não surtiu efeito, tanto que houve duas derrotas eleitorais”, afirmou.

Aguiar-Branco reiterou que a sua opção não tem a ver com “méritos e capacidades individuais” dos candidatos, mas com o rumo que estes pretendem dar ao PSD, defendendo que o partido tem de ser uma alternativa ao PS em matérias como a defesa da iniciativa privada, “uma maior liberdade da dimensão da carga fiscal” e “os clientelismos e dependência do Estado”. “É ilusório achar-se que hoje o PS é diferente e que António Costa é outra pessoa”, alertou.

O antigo governante deixou ainda um apelo para que “não se reduzam estas eleições do PSD às questões de quotas”, um tema que “nada diz aos portugueses”. “Acho que é desejável que o futuro do partido e do país não fique dependente de quem paga dois ou três euros por mês de quota (...) O presidente do partido deve dar o exemplo em facilitar aquilo que seja a maior capacidade de votação de todos os militantes do PSD”, afirmou.

José Pedro Aguiar-Branco despediu-se em Janeiro, por vontade própria, da Assembleia da República, onde foi deputado durante 14 anos. Na altura, em entrevista à RTP, o ex-ministro da Defesa do último Governo PSD/CDS-PP anunciou que renunciava ao cargo de deputado para mostrar a Rui Rio que não precisava “de lugarzinhos” e pelo desejo de se dedicar à sua vida profissional como advogado.

As eleições directas para a escolha do presidente do PSD foram agendadas para 11 de Janeiro e o congresso nacional realiza-se entre 7 e 9 de Fevereiro, em Viana do Castelo. Até ao momento, há três candidatos: Rui Rio, o actual presidente; Luís Montenegro, ex-líder parlamentar; e Miguel Pinto Luz, vice-presidente da câmara de Cascais, distrito de Lisboa.

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