Manifestante baleado pela polícia em Hong Kong está em estado crítico

A polícia de Hong Kong confirmou os disparos e pediu calma aos manifestantes “radicais”. Esta é a terceira vez que balas reais são disparadas directamente contra os manifestantes.

Foto
Manifestantes no centro de Hong Kong Reuters/SHANNON STAPLETON

Dois manifestantes foram esta segunda-feira baleados pela polícia em Hong Kong, numa manhã marcada pelo caos nos transportes devido a uma greve geral convocada nas redes sociais, após a morte de um estudante. Um dos jovens foi operado e está em estado crítico nos cuidados intensivos.

Outra pessoa está também internada em estado crítico: é um manifestante pró-Pequim que se imolou depois de uma discussão com alguns manifestantes pró-democracia. Esta situação aconteceu horas depois dos disparos da polícia, escreve a BBC.

A polícia de Hong Kong confirmou que um dos seus agentes disparou sobre um dos manifestantes. Durante as operações policiais, um agente usou a sua arma de serviço e “um homem foi baleado”, confirma a polícia. Noutras duas áreas, Shatin e Tung Chung, vários outros polícias foram obrigados ainda a mostrar as armas de serviço, pode ler-se num comunicado.

“Apelamos aos manifestantes radicais para que se mantenham calmos e racionais. Os manifestantes devem interromper todos os actos que ameaçam a segurança de outras pessoas e obstruam a execução legal do dever pela polícia”, acrescenta-se.

Na mesma nota explica-se que, “desde esta manhã, manifestantes radicais estabeleceram barricadas em vários locais em Hong Kong”. “Também atiraram objectos grandes e pesados para as faixas de rodagem, representando grande perigo para os utilizadores da estrada"; “atiraram bombas incendiárias” no metropolitano “e vandalizaram as instalações universitárias”.

As forças de segurança indicaram ainda que, devido a estas acções, “a polícia respondeu com operações de dispersão e detenções”.

Por outro lado, a polícia desmentiu “rumores que circulam online” que alegavam terem sido dadas instruções aos “polícias da linha de frente para que usassem as suas armas de fogo de forma imprudente nas operações de hoje”. A polícia esclareceu que “esta alegação é totalmente falsa e maliciosa”, que aquela força de segurança “tem directrizes e ordens rigorosas sobre o uso de armas de fogo” e que todos os agentes “são obrigados a justificar as suas acções”.

Os meios de comunicação locais têm noticiado que, após o episódio dos disparos, vários incidentes violentos têm alastrado pela cidade. Durante a manhã desta segunda-feira, a polícia disparou balas de borracha e pulverizou gás pimenta em vários pontos da cidade — nomeadamente na zona empresarial, algo raro durante o horário laboral.

Manifestações em dia de greve dos transportes

O dia está a ser marcado pela greve geral convocada nas redes sociais após a morte de um estudante no início do mês. O jovem universitário de 22 anos caiu de um parque de estacionamento e sofreu ferimentos cerebrais graves em circunstâncias desconhecidas durante um protesto a 3 de Novembro. Os manifestantes culpam a polícia, que já negou categoricamente qualquer responsabilidade.

Inúmeros elementos das forças de segurança, incluindo a polícia antimotim, foram mobilizados em diferentes distritos.

Pouco antes das 8h (meia-noite em Lisboa) foi publicado na rede social Twitter um vídeo no qual um polícia de trânsito é visto a disparar três tiros a curta distância de dois jovens vestidos de preto — uma cor associada aos protestos pró-democracia — na área residencial de Sai Wan Ho, onde um grupo de manifestantes estava a bloquear a circulação automóvel.

Na gravação, vê-se o agente a sacar da arma, a virar-se e a agarrar um jovem vestido de branco e com a cara tapada por uma máscara. O jovem resistiu e bateu no ombro direito do polícia, que disparou um tiro contra outro indivíduo, também de máscara, mas de preto, que aparentemente tentou tirar-lhe a arma. O polícia efectuou ainda dois outros disparos contra outro manifestante que também se aproximava.

Esta é a terceira vez que balas reais são disparadas directamente contra os manifestantes pela polícia de Hong Kong. Os outros dois incidentes ocorreram no início de Outubro, ferindo dois jovens, de 18 e de 14 anos.

Após o incidente dos disparos, uma multidão furiosa reuniu-se em San Wai Ho e apelidou os polícias de “assassinos”, com os agentes a isolaram algumas das ruas naquela área.

Sugerir correcção
Comentar