Startup de Coimbra cria plataforma para melhorar prevenção de incêndios

Bold Robotics recebeu 50 mil euros por parte do ESA BIC Portugal para desenvolver uma nova plataforma digital. Objectivo é que “receba dados relativos ao terreno” e, “através de algoritmos e simuladores de fogo, faça uma sugestão da melhor gestão da biomassa no terreno”.

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Nelson Garrido

A startup de Coimbra Bold Robotics recebeu um apoio da Agência Espacial Europeia para desenvolver uma plataforma que usa dados de observação da Terra para optimizar a prevenção de incêndios e a gestão de terrenos florestais.

A empresa, sediada no Instituto Pedro Nunes (IPN), junta investigadores da área da robótica e dos incêndios, que desenvolvem em conjunto uma plataforma digital que pretende melhorar a gestão de terrenos florestais, de forma a garantir uma melhor prevenção de incêndios, disse à agência Lusa um dos sócios fundadores da empresa Carlos Xavier Viegas.

Contando com um protocolo com o Centro de Estudos Sobre Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra, a plataforma recebeu um financiamento de 50 mil euros por parte do ESA BIC Portugal (programa da Agência Espacial Europeia de fomento à aplicação de tecnologia do espaço na Terra). Segundo Carlos Xavier Viegas, “a ideia é a de que a plataforma receba dados relativos ao terreno, como a topografia e vegetação existente e, através de algoritmos e simuladores de fogo, faça uma sugestão da melhor gestão da biomassa no terreno, seja para cumprir a legislação em vigor, seja para reduzir a susceptibilidade dos impactos dos fogos rurais no terreno”.

Para tal, será necessário “um misto de recolha de dados de várias fontes”, como do Copernicus (programa europeu de observação da Terra) e do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, que serão conjugados “com observações no terreno”, através da recolha de dados com recurso a drones e sensores, referiu. Com um mapeamento detalhado da topografia e da vegetação presente no terreno, pode-se saber se o local está gerido de acordo com a legislação em vigor e, com recurso a modelos de comportamento do fogo, identificar os pontos mais vulneráveis e fazer uma gestão florestal de acordo com essa informação.

“Aplicar a lei em vigor não chega. Há zonas onde a aplicação faz sentido, mas noutros sítios faz sentido ser-se ainda mais restritivo”, vincou Carlos Xavier Viegas. Segundo o coordenador da equipa, a plataforma poderá depois ser aplicada por Governos, autarquias ou clientes privados.

A equipa espera agora terminar dentro de ano e meio o protótipo da plataforma para demonstração. De acordo com o IPN, que coordena o programa ESA BIC Portugal, a iniciativa, que está a funcionar há cinco anos, já incubou 30 empresas, que permitiram a criação de cerca de 100 novos postos de trabalho, com um volume de negócios total de cerca de cinco milhões de euros e uma capacidade de exportação de mais de 75%.

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