Shopping Brasília no Porto vai ser renovado até 2021 e convida lojistas das Lumière

A administração do Brasília, que prepara uma remodelação, diz identificar-se com os negócios que existem actualmente nas Galerias Lumière.

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Andre Rodrigues

O centro comercial Brasília no Porto, o mais antigo de Portugal, vai sofrer obras de remodelação e convidou os lojistas das Galerias Lumière, com encerramento previsto para 2020, a conhecer o projecto onde poderão encontrar um novo espaço.

A administração do Brasília pretende apostar num novo conceito de lojas de especialidade, desde vinhos a chocolates, bem como pretende ter mais lojas “dedicadas à restauração”, indicou à Lusa Frederico Pacheco, da equipa de marketing do centro comercial inaugurado em 1976.

“A nossa ideia é captar street food (comida de rua) e zero waste (desperdício zero)”, com produtos biológicos, vegetarianos”, explicou, acrescentando que está a decorrer um concurso de ideias para remodelação dos espaços comuns.

O concurso “A Tua ideia Faz Parte” resulta de uma parceria com a Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP) e a Escola Superior de Artes e Design (ESAD) de Matosinhos Segundo Frederico Pacheco, “o objectivo é que as obras estejam concluídas em 2021”.

Sobre as Galerias Lumière, que deverão encerrar no próximo ano, tendo já dado entrada na câmara um Pedido de Informação Prévia (PIP) sobre um novo projecto para o local, o responsável adiantou a disponibilidade do Brasília em acolher os lojistas.

“A premissa neste momento é que [os lojistas] tenham uma segunda loja no Brasília. Essa foi a nossa premissa. Convidamos todos os lojistas [das Galerias Lumière] a ter uma segunda loja, porque nós identificamo-nos com os negócios que existem actualmente nas Galerias Lumière” e, dessa forma, “acabam por ter ali um seguro se eventualmente as Galerias fecharem”, explicou.

Em declarações à Lusa, alguns dos lojistas das Galerias Lumière relataram ter recebido um convite feito pelo Brasília onde eram desafiados para um “cocktail”, a acontecer no dia 24 de Outubro, mas escusaram-se a revelar qualquer decisão sobre a abertura de uma segunda loja no Brasília, enquanto estiverem a decorrer as negociações com grupo IBS, a sociedade anónima dona das Galerias.

A Lusa tentou ouvir Eduardo Sardo, CEO do grupo IBS, sociedade anónima e dona das Galerias Lumière, mas tal não foi possível até ao momento.

Francisco Reis, responsável pela Livraria Poetria, assegurou à agência Lusa que o contrato vigente lhe permite ficar nas Galerias “até 2021”. O lojista disse, todavia, que reuniu esta semana com Eduardo Sardo, CEO do grupo IBS, e que lhe foram feitas “duas propostas”. Uma é manter-se na loja sem pagar renda até final do contrato”, outra é receber uma carta de “não renovação do contrato”.

Diogo Dalloz, dono da loja Jewellery Experience, também confirmou o convite do Brasília, mas diz que não quer sequer ouvir falar de uma segunda loja num centro comercial, porque tem tido uma má experiência nas Lumière, onde lhe disseram que “90% da Galeria ia estar com as lojas fechadas em breve”.

“Deixaram o convite na porta, mas depois da minha experiência horrível em galerias não quero repetir. Está fora de questão ir para o Brasília”, disse, considerando, que é “importante revitalizar” o mais antigo centro comercial do Porto e de Portugal, mas que já decidiu vai abrir nova loja de rua, perto das Galerias.

Também a lojista da Casio contou ter já aberto uma nova loja de rua nas imediações.

Para as Galerias Lumière, na Rua José Falcão, no Porto, já deu entrada na câmara um Pedido de Informação Prévia (PIP) sobre um novo projecto para o local.

Em resposta à Lusa, no dia 17 de Outubro, a autarquia esclarecia que, para o local, “existe apenas a decorrer um PIP”, não adiantando, no entanto, o projecto apresentado no âmbito daquele pedido de informação prévia.

Já no dia 23, em resposta por e-mail à Lusa, a autarquia indicou que “a única coisa que existe é um PIP cujo titular é a Empreendimento Turístico - IMOCPCIS - Empreendimentos Imobiliários, SA”.

“É um PIP sobre a viabilidade de realizar obras de alteração com vista à instalação de um empreendimento turístico”,disse à Lusa fonte do gabinete de comunicação da Câmara do Porto, explicando que o Pedido “ainda não tem informação favorável da Câmara” e está, neste momento, “a aguardar o parecer solicitado à Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN).

Na passada semana, à Lusa, os lojistas falaram em “bullying imobiliário”, por parte da actual administração das Galerias que tem vindo a pressioná-los, através de email e sucessivos contactos telefónicos, no sentido de abandonarem o espaço o quanto antes.

Uma petição contra o encerramento das Galerias Lumière, no Porto, que foi até às 15:10 de hoje subscrita por 1.720 pessoas, defende que o novo projecto para aquele espaço deve integrar os lojistas, considerando que o seu desaparecimento é um “atentado” ao património da cidade.

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