Na Gulbenkian, meio milhar de professores vão reflectir sobre o valor da leitura e da literacia

O encontro do Plano Nacional de Leitura pretender dar a conhecer a importância da leitura e da literacia numa sociedade em constante mudança.

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NUNO FERREIRA SANTOS

A leitura pode contribuir para os direitos humanos? Que valor tem a leitura numa sociedade onde tudo é rápido e imediato? As políticas de leitura mudam de país para país? O Plano Nacional de Leitura 2027 (PNL) convidou vários especialistas nacionais e não só para responder a estas e a outras questões na 3.ª conferência, que se realiza esta quinta-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. O encontro, dedicado ao Elogio da Leitura, vai debater ainda o valor da leitura nos diferentes meios.

“Presente-futuro” tem sido o antetítulo das conferências anuais do PNL. A leitura “é uma coisa que precisamos fortalecer hoje para termos amanhã”, defende Teresa Calçada. No tempo acelerado que se vive hoje, este encontro quer, acima de tudo, mostrar uma “leitura mais multimodal, mais exigente em suportes cada vez mais plurais”, acrescenta a comissária do PNL ao PÚBLICO.

Por exemplo, Jeimy Hernandez, que vai abrir o dia, no qual se esperam cerca de 500 participantes, vai dedicar-se a explorar o papel da leitura na afirmação dos direitos humanos. A representante da Unesco defende que é preciso pensar a literatura e a literacia em todos os suportes, tendo em consideração as mudanças políticas, económicas, sociais e culturais, refere Teresa Calçada.

No painel seguinte, ainda de manhã, a política de leitura estará em enfoque. A ex-ministra da Educação, Isabel Alçada, vai moderar uma conversa sobre as “políticas públicas em diferentes olhares de diferentes geografias” com representantes do Reino Unido, Colômbia, e Brasil, sem esquecer Portugal.

A tarde estará subordinada ao tema Leitura e Literacias, com intervenções de várias áreas: informação e dados, educação e sociedade, comunicação e media, economia e desenvolvimento são alguns temas que se cruzam com leitura e literacia. No primeiro painel a ex-ministra Maria de Lurdes Rodrigues, o professor José Legatheux e o jornalista António José Teixeira, vão debater alguns destes temas, que se prolongam para o segundo painel, desta vez com o investigador João Luís Lisboa, o economista Ricardo Paes Mamede e o jornalista Pedro Oliveira. “São na nossa perspectiva convidados muito diversos, mas todos compreendem o valor da leitura para os diferentes meios em que nos movimentamos”, resume Teresa Cabaças.

A conferência recebe ainda a segunda edição do prémio Ler+. A iniciativa tem por finalidade reconhecer personalidades que se destacaram pelo trabalho em prol da melhoria dos índices de leitura. Teresa Calçada explica que os vencedores podem ser de variados espectros, mas têm em comum competências que a “sociedade pode reconhecer como como um contributo de excelência para este elogio da leitura”. O ano passado, o prémio foi atribuído ao trabalho “Ainda estou a aprender. Um projecto de formação online de professores e de intervenção nas dificuldades na aprendizagem da leitura”, coordenado pela professora Iolanda Ribeiro, da Universidade do Minho, e da responsabilidade de 17 outros investigadores das áreas da psicologia e da linguística do Instituto Politécnico do Porto. O prémio de dez mil euros é apoiado pela Fundação La Caixa e pelo BPI.

Recorde-se que, no início do mês, o PNL apresentou a iniciativa “dez minutos a ler”, com a qual procura incentivar a leitura por prazer nos alunos do básico e do secundário em 70 escolas. Para isso foi feito um investimento de 70 mil euros na actualização de bibliotecas escolares. “Queremos introduzir a leitura por prazer e que os alunos percebam o valor cultural da leitura”, disse, na altura, a comissária do PNL, Teresa Calçada.

Texto editado por Bárbara Wong

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