Quando os votos indicavam que Morales teria de ir a uma segunda volta, a contagem parou

Presidente da Bolívia diz que ainda pode ganhar à primeira volta com os votos das zonas rurais. O seu principal adversário acusa-o de “manipulação” das eleições.

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Evo Morales governa a Bolívia desde 2006 Ueslei Marcelino/REUTERS

Apesar de os resultados preliminares das eleições presidenciais na Bolívia indicarem que Evo Morales terá de disputar uma segunda volta, o Presidente boliviano mostra-se confiante de que vai ganhar pela quarta vez ainda à primeira volta. Mas a contagem dos votos no país foi interrompida de forma abrupta.

Morales, que se candidatou pela quarta vez à presidência da Bolívia, apesar de os eleitores bolivianos se terem manifestado contra essa intenção num referendo em 2016, diz que os votos das zonas rurais, ainda não contados, lhe darão a vitória à primeira volta e a maioria no Parlamento.

De acordo com o Supremo Tribunal Eleitoral boliviano, com 84% dos votos contados, Evo Morales tem 45% e Carlos Mesa, o seu principal rival, tem 38%. Segundo as regras eleitorais do país, para que não seja necessário realizar uma segunda volta, a 15 de Dezembro, um candidato tem de ter no mínimo 50% ou uma vantagem de dez pontos sobre o segundo colocado.

Os observadores do acto eleitoral estão preocupados com a informação de que houve “uma paragem súbita na contagem dos votos”, disse uma fonte diplomática à agência Reuters.

O site da comissão de eleições deixou de ser actualizado ao fim da tarde de domingo, e o receio é que esteja em curso um plano de manipulação da contagem para evitar a realização de uma segunda volta.

A Organização de Estados Americanos pediu explicações sobre a paragem: “É fundamental que o tribunal explique porque foi interrompida a transmissão dos resultados iniciais, e que o processo de publicação dos dados se desenrole de forma fluida”, disse a organização através do Twitter na madrugada desta segunda-feira.

Em resposta às críticas, a presidente do Supremo Tribunal, María Eugenia Choque, disse que a contagem no site oficial foi suspensa porque os tribunais regionais já tinham começado a anunciar os resultados finais – que ainda não são conhecidos.

O rival de Morales, Carlos Mesa, disse que a suspensão da contagem é um problema “muito grave”, e constitui “uma manipulação de um resultado que força uma segunda volta”. Mesa, de 66 anos, um ex-vice-presidente da Bolívia, que apenas esteve no cargo durante um ano e sete meses, a partir de 2003, num período conturbado em que a Bolívia teve cinco presidentes em quatro anos (entre 2001 e 2005), é jornalista, teve canais de televisão e simpatia por políticas reformadoras de tendência neoliberal, e tem uma longa história política como opositor de Morales.

Quanto a Evo Morales, de 59 anos, está no poder há 13 anos, e tornou-se no primeiro Presidente indígena e de esquerda do país andino, mas vários casos de corrupção nos círculos próximos do poder e denúncias de uma viragem autoritária desgastaram a sua imagem.

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