Bebé com malformações. “É uma situação grave que afecta a imagem dos médicos”, diz bastonário

Bastonário dos médicos satisfeito com reunião de urgência do Conselho Disciplinar do Sul para analisar processos contra médico obstetra. Miguel Guimarães diz que é fundamental que quando o Estado contrata serviços externos tenha a garantia de qualidade.

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Miguel Guimarães paulo pimenta

O bastonário dos médicos, Miguel Guimarães, mostrou-se, este sábado, satisfeito por o Conselho Disciplinar do Sul da Ordem dos Médicos ter marcado uma reunião de urgência para terça-feira para analisar os processos pendentes sobre o médico obstetra que fez ecografias a um bebé que nasceu com graves malformações. E defendeu que quando o Estado faz contratos com empresas externas deve ter a garantia de prestação de cuidados com qualidade.

“Acho bem que o Conselho Disciplinar do Sul se reúna de urgência e convoque o médico e analise a questão da suspensão preventiva enquanto resolve os processos. Esta é uma situação grave que afecta a imagem dos médicos em geral”, disse ao PÚBLICO Miguel Guimarães, à margem do Congresso Nacional da Federação Nacional dos Médicos, que começou este sábado.

Miguel Guimarães também defendeu que, de uma forma geral, “é fundamental que quando o Ministério da Saúde, a Administração Central do Sistema de Saúde, o Estado contrata serviços externos através de empresas tenha a garantia de cuidados de qualidade”. “O preço mais barato pode ter consequências”, alertou.

Nesta sexta-feira o bastonário afirmou, em conferência de imprensa, que “dada a potencial gravidade da situação, justifica-se a imediata inquirição do médico para determinar se se verificam pressupostos para suspensão preventiva”. Em causa estão os processos que envolvem o médico obstetra Artur Carvalho, que fez ecografias ao bebé que nasceu no início deste mês, em Setúbal, com graves malformações na face e no cérebro. Sabe-se agora que o médico já foi alvo de dez processos: quatro estão arquivados, cinco em fase de instrução e um sexto, referente ao bebé que nasceu em Setúbal, que vai ser aberto a pedido do bastonário.

O presidente do conselho disciplinar do Sul, Carlos Pereira Alves, adiantou ao PÚBLICO o médico obstetra vai ser chamado a prestar esclarecimentos numa reunião de urgência que o Conselho Disciplinar da Zona Sul da Ordem dos Médicos marcou para terça-feira. Nessa reunião de terça-feira será decidido que medidas tomar em relação a este caso. A mais gravosa que pode ser aplicada agora é a suspensão preventiva, que pode ir de três a seis meses.

Já este sábado, em declarações à Lusa, o presidente do Conselho Disciplinar da Zona Sul disse que na reunião de terça-feira vão “apreciar, com carácter de urgência, os cinco processos pendentes”, mas não vão apreciar ainda o do caso do bebé de Setúbal porque ainda não lhes chegou a queixa.

De acordo com o Correio da Manhã, a mãe do bebé foi seguida durante a gravidez no centro de saúde e realizou as ecografias na clínica privada Ecosado. O jornal adianta que esta clínica tem protocolo com o SNS. Em nenhuma das ecografias, o obstetra Artur Carvalho, que também faz parte dos quadros do Hospital de Setúbal, terá detectado que a criança não tinha nariz, olhos e parte do crânio. A família disse que sempre lhes foi transmitido que estava tudo bem.

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