Cartel de Sinaloa abre fogo e obriga polícia a libertar filho de “El Chapo”

A cidade de Culiacán esteve na quinta-feira em estado de guerra, com uma batalha entre os homens do Cartel e a polícia que por um curto espaço de tempo deteve Ovidio Guzmán.

Fotogaleria
Homens do Cartel de Sinaloa nas ruas de Culiacán Reuters/JESUS BUSTAMANTE
Fotogaleria
EPA
Culiacán
Fotogaleria
EPA/IVAN MEDINA
Culiacán
Fotogaleria
EPA/IVAN MEDINA

Homens fortemente armados obrigaram na quinta-feira a polícia mexicana a libertar um dos filhos do barão da droga Joaquim “El Chapo” Guzmán, cuja captura provocou uma batalha no estado de Sinaloa.

Segundo o ministro da Segurança, Alfonso Durazo, uma patrulha da Guarda Nacional foi atacada a tiro a partir de uma casa na cidade de Culiacán, a sede do Cartel de Sinaloa.

Quando a polícia entrou na casa encontrou quatro homens, entre eles Ovidio Guzmán, que está acusado de tráfico de droga nos Estados Unidos, onde “El Chapo” cumpre pena de prisão perpétua.

Rapidamente, segundo o Governo mexicano, homens armados do Cartel cercaram a casa, obrigando a Guarda Nacional a retirar e a libertar Ovidio Guzmán. Em simultâneo, eclodiram confrontos armados entre a polícia e homens armados por toda a cidade. Foram incendiados veículos e uma estação de gasolina.

“Foi tomada a decisão de retirar, sem Guzmán, para evitar mais violência e preservar as vidas dos nossos homens, e para restabelecer a calma na cidade”, disse Durazo à Reuters.

A reacção à captura de Guzmán teve uma intensidade poucas vezes vista no México, mesmo durante a longa guerra ao narcotráfico ou depois da prisão de “El Chapo”. O caos e a violência na cidade continuaram durante a noite.,

Perante o caos, um pequeno grupo de presos conseguiu fugir da prisão de Culiacán. Os habitantes fugiram do intenso tiroteio em pleno dia em lojas e supermercados. Famílias com crianças deixaram os carros no meio da estrada e via-se gente deitada no chão para escapar às balas que lhes passavam por cima. À distância, viram-se colunas de fumo a sair de várias zonas da cidade.

Cristobal Castaneda, chefe da segurança de Sinaloa, disse à Televisa que duas pessoas morreram e 21 ficaram feridas, segundo os dados preliminares - os jornalistas da Reuters TV recolheram imagens em que se vê pelo menos três corpos junto a um carro. Disse que patrulhas da polícia foram atacadas quando se aproximaram de barricadas nas estradas e aconselhou os habitantes a ficarem em casa.

A violência em Culiacán vai aumentar a pressão sobre o Presidente Andrés Manuel López Obrador, que chegou ao cargo em Dezembro do ano passado e que prometeu pacificar o país depois de mais de uma década de guerra ao narcotráfico. Os assassínios este ano vão bater recordes. 

A batalha nas ruas de Culiacán  na quinta-feira ocorre depois do massacre de mais de uma dezena de polícias na zona ocidental do México no início da semana, e à morte de 14 suspeitos, um dia depois, às mãos do Exército.

Falko Ernst, analista do International Crisis Group no México, disse que a libertação de Ovidio Guzmán depois de capturado “abre u perigoso precedente” e envia a mensagem de que o Estado, e o Exército, podem ser chantageados e não têm o controlo do país.

Pessoas identificadas como membros do Cartel usaram uma frequência de rádio usada pelas forças de segurança para avisarem que haveria retaliação se Guzmán não fosse libertado.

“El Chapo” dirigiu o Cartel de Sinaloa durante décadas, tendo conseguido fugir da prisão por duas vezes antes de ser novamente detido e extraditado para os EUA. Em Fevereiro foi condenado a prisão perpétua por tráfico de droga.

Acredita-se que tenha 12 filhos, entre eles Ovidio, que juntamente com outros irmãos foi acusado pelo Departamentro de Justiça americano de conspiração para distribuir nos EUA cocaína e outras drogas. A acusação diz que Ovidio tem 28 anos e que participa em tráfico de droga desde a adolescência. 

Jose Luis González Meza, advogados dos Guzmán, disse ao jornal Milenio que Ovidio já tinha contactado a sua família para dizer que estava livre.

Sugerir correcção
Comentar