Assunção Cristas vai sair do Parlamento

Líder do CDS só se manterá como deputada até ao congresso de Janeiro.

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Assunção Cristas momentos antes de começar o Conselho Nacional do CDS ANTÓNIO COTRIM/LUSA

A líder do CDS vai renunciar ao lugar de deputada na Assembleia da República, mas ficará até ao congresso em Janeiro próximo. A decisão foi comunicada ao conselho nacional do partido, reunido esta noite à porta fechada. Ao que o PÚBLICO apurou, Assunção Cristas disse que iria manter-se, no entanto, como vereadora na câmara de Lisboa.

As informações foram confirmadas posteriormente aos jornalistas pelo secretário-geral Pedro Morais Soares (e não por Assunção Cristas, como estava previsto). O mesmo dirigente informou que a presidente do partido se mantém em funções até à data do congresso que foi marcada para 25 e 26 de Janeiro, depois de ter chegado a ser proposto o fim-de-semana anterior. A escolha recaiu a 25 e 26 de Janeiro por ter sido a data do simbólico congresso do Palácio de Cristal em 1975, embora a alteração também esteja relacionada com uma possível coincidência de uma eventual segunda volta das eleições directas no PSD.

Depois de já ter intervindo na reunião, o porta-voz da Tendência Esperança em Movimento, Abel Matos Santos, disse aos jornalistas que “o tempo não é de afiar facas” e que a líder do partido “assumiu as suas responsabilidades” ao contrário de “outros que não subiram ao palanque” com ela e que fazem parte da direcção. O dirigente, que é o único candidato assumido à liderança, criticou o modo de funcionamento do partido — a começar pela realização deste conselho nacional a uma quinta-feira à noite em Lisboa, por considerar que é um desrespeito pelos conselheiros — e também o veto “de gaveta” à refiliação de Manuel Monteiro. “É um acto censório e pouco democrático”, disse. 

Abel Matos Santos desafiou outros possíveis candidatos a não terem “vergonha” de avançar como forma de dar um contributo ao partido. Dois desses dirigentes que estão a ponderar uma candidatura à liderança falaram à entrada da reunião, que juntou cerca de 150 conselheiros. Francisco Rodrigues dos Santos, líder da Juventude Popular, deixou a porta aberta a uma possível candidatura à liderança do partido. “Estou como sempre estive ao lado do partido. Estou disponível para aquilo que os militantes entenderem que eu possa ser mais útil”, afirmou o dirigente aos jornalistas, depois de questionado se é candidato à sucessão de Assunção Cristas. Francisco Rodrigues dos Santos defendeu que é preciso discutir “o futuro” do partido.

Essa foi também a linha defendida por outro potencial candidato à liderança, Filipe Lobo d ’Ávila. O ex-deputado reafirmou que quer “ouvir o partido” e que não poderia tomar uma decisão antes deste momento. Sobre a ponderação que está a fazer, Lobo d’Ávila disse estar relacionada com as suas circunstâncias pessoais e também políticas além de querer “perceber o caminho que o CDS quer”. O conselheiro nacional, que foi oposição a Cristas nos últimos anos, sublinhou a necessidade de “recuperar as estruturas” do CDS e "refundar o partido”. 

No conselho nacional estiveram membros da actual direcção como Nuno Melo – que à entrada disse apenas ir “ouvir o partido” – Adolfo Mesquita Nunes, que foi coordenador do programa eleitoral do CDS, Cecília Meireles, vice-presidente do partido, e João Almeida, porta-voz.

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