Noite de calma em Barcelona antes da chegada das marchas

Milhares de pessoas manifestaram-se pacificamente no centro da capital da Catalunha. Num ambiente de festa, cantaram o hino catalão, jogaram à bola e dançaram em protesto contra o Estado espanhol e em defesa da independência.

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Milhares de catalães manifestaram-se pacificamente no centro de Barcelona Reuters/JON NAZCA

Ruas bloqueadas, estradas cortadas, praças ocupadas e aviões cancelados. Foi esta a realidade na Catalunha no quarto dia de protestos contra as sentenças do Supremo Tribunal espanhol aos líderes independentistas. Milhares de catalães concentraram-se esta quinta-feira à noite no centro de Barcelona e, num ambiente de festa, cantaram, jogaram à bola e dançaram.

Mas a alguns quarteirões de distância, o ambiente não era de festa e sim de tensão. “Um grupo de cerca de duzentos ultras armaram-se com paus e pedras e levaram cidadãos e jornalistas pelo caminho" na Praça de Artós, escreveu o La Vanguardia. Gritaram palavras de ordem contra os independentistas e, continua o jornal catalão, fizeram a saudação nazi “Sig Heil”. Uma situação que levou a polícia a intervir, desferindo bastonadas, para os acalmar, quando, pouco antes, um grupo de antifascistas tinha chegado ao local. A polícia voltou a carregar sobre eles quando tentaram aproximar-se da grande concentração independentista. 

Uma tensão que se previa que se espalhasse para outras zonas da cidade à medida que a noite se prolongasse, no que já é o quarto dia de protestos. Sindicatos e organizações independentistas, como a Assembleia Nacional Catalã e a Omnium Cultural, a que se juntam os Comités de Defesa da República, apelaram aos catalães para que esta sexta-feira façam greve geral e vão para as ruas protestar em defesa da independência e contra sentenças que dizem ser “injustas” e um “ataque à democracia”

Espera-se que a greve geral paralise a Catalunha e leve milhares de pessoas para as ruas e só essa previsão já levou ao cancelamento de mais de 40 voos de ida e vinda de Barcelona. Cinco marchas, oriundas de vários pontos da Catalunha e com milhares de pessoas, obrigaram ao corte de estradas. Espera-se que cheguem a Barcelona nas primeiras horas da manhã para se juntarem aos protestos.

Há quatro dias que as ruas de Barcelona são palco de protestos contra o Estado espanhol, e os episódios de violência têm-se somado, com vários vídeos de violência policial a circularem pelas redes sociais. Num deles, pode ver-se um manifestante encurralado a um canto com mais de cinco polícias a desferirem consecutivas bastonadas, sem que haja resistência. Noutro, manifestantes atiram bombas incendiárias aos polícias e a queimam caixotes. 

As autoridades anunciaram que 97 pessoas foram detidas nos últimos dois dias de protestos e pelo menos 52 pessoas ficaram feridas, com três ainda hospitalizadas. O Governo catalão anunciou que 250 caixotes do lixo arderam na terça-feira e outros 190 na quarta-feira. O Governo catalão diz que as manifestações foram infiltradas por elementos anarquistas que vieram de fora da Catalunha para semear o caos, segundo a Europa Press, enquanto Madrid diz que são jovens catalães. 

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