Quem é o advogado moçambicano que liderava a rede de imigração ilegal?

A rede envolvia três advogados, um deles Sabirali Ali, que já tinha sido condenado em 2013 por crimes semelhantes.

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Advogado Sabirali Ali tinha sido conedenado a pena suspensa em 2013, mas actualmente estava com cédula activa na Ordem dos Advogados Miguel A. Lopes/Lusa/Arquivo

A rede de imigração ilegal que esteve na base da operação Rota do Cabo, que levou a várias buscas e detenções esta terça-feira, seria liderada pelo advogado Sabirali Ali, um moçambicano de ascendência indiana com escritório em Lisboa que, em 2013, já tinha sido condenado por crimes semelhantes envolvendo cidadãos brasileiros.

Ana Bernardi e João Vaz, igualmente advogados, também estarão envolvidos na mesma rede, confirmou o PÚBLICO junto de fontes ligadas à investigação. 

Sabirali Ali foi sentenciado em Abril de 2013 pela justiça portuguesa a cinco anos de cadeia, com pena suspensa, por 20 crimes de falsificação de documentos, e 19 crimes de auxílio à imigração ilegal.

O advogado foi ainda condenado a pagar 25 mil euros à Associação de Apoio à Vítima. Na altura geria um negócio de legalização de imigrantes brasileiros em Portugal com base em documentação falsa, concluíram os investigadores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. Sabirali Ali chegou a ter um espaço de consultório jurídico num programa da SIC, surgindo neste momento na página da Ordem dos Advogados como tendo continuando a ter activa a sua cédula profissional.

No que diz respeito a Ana Bernardi, também inscrita na Ordem dos Advogados com cédula activa, era conhecida no meio por ter muita experiência na legalização de imigrantes. A própria anunciava-se, na Internet, como tendo uma vasta experiência em processos de legalização junto das entidades administrativas competentes, quer em Portugal quer no Reino Unido.

Desta rede fará ainda parte a coordenadora do posto de atendimento de Alverca do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Sónia Francisco. Esta antiga militar da Força Aérea Portuguesa trabalhava há duas décadas para o SEF como inspectora.

Sónia Francisco chegou a prestar serviço no Aeroporto de Lisboa e foi suspensa de funções em Maio do ano passado, altura em que foi apanhada em flagrante a receber dinheiro de um advogado para facilitar vistos a cidadãos estrangeiros. Mas, segundo o Diário de Notícias, já antes disso a inspectora tinha sido alvo de um processo disciplinar motivado por questões do mesmo género – no qual estariam também implicados dirigentes do SEF, mas que acabou por ser arquivado pela actual direcção deste serviço.

Já depois de ter sido suspensa Sónia Francisco regressou ao serviço - mas segundo uma porta-voz desta entidade, sem crachat, arma ou livre trânsito. Passou a trabalhar na sede do SEF, ainda que suspensa das funções de inspectora. Segundo a mesma entidade, o processo disciplinar arquivado dizia respeito a “factualidade diversa” daquela que há cinco meses determinou a sua constituição como arguida. 

Mais de 20 pessoas foram detidas esta terça-feira de manhã no decorrer de numa megaoperação da Polícia Judiciária para desmantelar esta associação criminosa nas estruturas do Estado. Entre os detidos por corrupção na legalização de imigrantes estão também dois funcionários das Finanças e dois da Segurança Social.

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