Rui Rio disponível para reformas estruturais, mesmo com acordo à esquerda

O PSD reafirma a abertura para trabalhar com o PS em propostas de médio prazo e Carlos César não lhe fecha as portas. A reforma do sistema político pode ser a primeira.

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Reunião entre PSD e Marcelo Rebelo de Sousa Nuno Ferreira Santos

O presidente do PSD ainda não terminou a reflexão que prometeu fazer sobre o seu futuro político, mas garante que continua disponível para fazer reformas estruturais com o PS de médio e longo prazo, independentemente de algum acordo que venha a ser feito à esquerda. E o PS não lhe fecha as portas, pelo menos na reforma do sistema político.

À saída de uma audiência de 45 minutos com o Presidente da República – que ontem ouviu os dez partidos com assento parlamentar sobre a indigitação do primeiro-ministro -, Rui Rio disse aos jornalistas estar convencido de que o PS “iria procurar uma maioria de esquerda, com o PCP e com o BE ou só com um”, e continua convicto de que isso será uma realidade. “Vai haver essa maioria à esquerda”, respondeu, quando questionado sobre se poderia ser o PSD a viabilizar o Orçamento do Estado: “Portanto, essa questão não se coloca”.

Coisa diferente é a disponibilidade do PSD de trabalhar em reformas estruturais de médio prazo, que Rio defende desde que assumiu a liderança do partido. Interrogado sobre se a sua reflexão sobre o futuro depende ou não da abertura do PS para essas reformas, Rui Rio disse que não: “Independentemente da reflexão que eu faça, não era este momento, em que se discute a indigitação do primeiro-ministro, que o PSD devia entrar em tumulto”.

Sobre o tumulto que já há na oposição interna, Rio recusou-se a falar. E também não quis comentar as declarações de Cavaco Silva à Lusa, em que se manifesta triste pelos resultados do PSD e lança Maria Luís Albuquerque para uma alternativa de liderança.

Voltando às reformas estruturais, Rio recordou o que sempre disse: “O país precisa de reformas estruturais na justiça, no sistema político, na segurança social, na descentralização, e essas reformas não se fazem sem os dois maiores partidos”. Pouco depois, ouviria Carlos César, o presidente do PS, a manter-lhe a porta entreaberta.

“O PSD é um partido referencial da vida política portuguesa e a sua voz também deve ser ouvida”, afirmou César. Questionado sobre a necessidade de fazer uma reforma do sistema político tendo em conta os valores recorde da abstenção, o socialista escancarou a porta: “Temos de trabalhar de forma a que os portugueses se reconciliem com a política e com os políticos e o melhor trabalho é encontrar pontos de contacto com os outros partidos para que essa mensagem seja mais eficaz”.

Chega e IL serão oposição firme

Com o CDS praticamente fechado para “balanço” nesta fase, Assunção Cristas não adiantou nada do que vai fazer o partido na próxima legislatura, para além de uma “oposição construtiva”. Falou um minuto aos jornalistas e nem revelou se vai assumir o seu lugar de deputada.

Já o Chega e a Iniciativa Liberal (IL), que elegeram um deputado cada, afirmaram, após dez minutos de audiência em Belém, que vão fazer uma oposição firme ao Governo de António Costa. Carlos Guimarães Pinto afirmou que a IL é “contra o socialismo” e não fará parte da “aranhonça” que adivinha vir a suceder à “geringonça”, agora com o apoio de seis partidos.

Já André Ventura, do Chega, considerou que “a extrema-esquerda pode estar a ganhar uma perigosa” importância no país e afirmou que o PS não contará com o apoio do Chega, excepto se os socialistas quiserem fazer “a devolução dos direitos aos polícias” ou a mudança do Código Penal “para punir efectivamente os criminosos”. 

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