Agentes da polícia suspeitos na morte de observador eleitoral em Moçambique

Dois comandantes de polícia da província de Gaza foram suspensos e foi criada uma comissão de inquérito para investigar a morte de Anastácio Matavel.

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O comandante-geral da PRM suspendeu os comandantes da sub-unidade de Intervenção Rápida e da Companhia do Grupo de Operações Especiais, em Gaza Nelson Garrido

Quatro agentes da polícia moçambicana são suspeitos de envolvimento no assassínio de Anastácio Matavel, activista social de Gaza que, na segunda-feira, foi morto em Xai-Xai, capital desta província do sul do país, afirmou esta terça-feira o porta-voz do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM).

“Os polícias estão afectos à subunidade de intervenção rápida de Gaza, em serviço no Grupo de Operações Especiais (…) todos identificados no auto”, disse Orlando Mudumane, porta-voz da PRM em declarações à imprensa. O homicídio terá sido perpetrado por um grupo de quatro agentes e um civil, referiu, sem adiantar as possíveis motivações.

O comandante-geral da PRM suspendeu os comandantes da sub-unidade de Intervenção Rápida e da Companhia do Grupo de Operações Especiais, em Gaza, acrescentou. A polícia criou ainda uma comissão de inquérito para, no prazo de 15 dias, “apresentar um relatório pormenorizado sobre o facto”.

Os jornalistas não puderam colocar questões a Orlando Mudumane, que não se pronunciou sobre a informação de que o carro em que seguiam os suspeitos se despistou pouco depois dos disparos e que dois deles morreram – segundo escreve o boletim da organização não-governamental Centro de Integridade Pública (CIP). 

Anastácio Matavel foi baleado mortalmente por um grupo que o perseguiu, na segunda-feira, quando conduzia a sua viatura.

A Sala da Paz, organização para a qual realizava observação eleitoral, classificou o ato como “bárbaro” e apelou às “autoridades competentes para uma investigação apurada com vista a encontrarem-se os autores do crime”.

O mesmo apelo foi feito esta terça-feira pela missão de observação eleitoral da União Europeia (UE) em Moçambique, que pediu ainda aos líderes político-partidários que tomem medidas para conter a violência crescente na campanha eleitoral moçambicana.

Entre acidentes e outros casos por esclarecer, já morreram 38 pessoas desde o início da campanha, em 31 de Agosto, segundo contas feitas pela rede de observadores do CIP.

Nas eleições gerais de 15 de Outubro, 12,9 milhões de eleitores moçambicanos vão escolher o Presidente da República, dez assembleias provinciais e respectivos governadores, bem como 250 deputados da Assembleia da República.

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