“Desculpem, isto é uma urgência” climática – Extinction Rebellion lança duas semanas de protestos

Manifestações pacíficas que podem incluir bloqueios de estradas em mais de seis dezenas de cidades. É assim que o movimento que ganhou visibilidade no Reino Unido quer chamar os políticos a agir para limitar as emissões com efeito de estufa - já.

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Polícia detém o manifestante que desenhou a spray um slogan da Extinction Rebelion no edifício do Ministério das Finanças Henry Nicholls/REUTERS
Rebelião da Extinção
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A pichagem que levou à prisão Henry Nicholls/REUTERS
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Manifestante em Berlim Hannibal Hanschke/REUTERS
Ponte de Lambeth
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LUSA/VICKIE FLORES

Milhares de activistas contra as alterações climáticas tomaram as ruas de várias cidades pelo mundo esta segunda-feira, no início de duas semanas de desobediência civil pacífica para exigir acção imediata para cortar as emissões de dióxido de carbono (CO2) e evitar um desastre ecológico global.

Em Londres a polícia deteve 135 activistas do grupo Extinction Rebellion que bloqueavam pontes e estradas no centro da cidade, e que se tinham colado a carros. Em Berlim, os manifestantes pararam o tráfego na rotunda da Coluna da Vitória.

A polícia holandesa deteve mais de uma centena de manifestantes que bloquearam a rua em frente ao Museu Nacional, em Amsterdão. Áustria, Espanha, Nova Zelândia e Austrália tiveram protestos semelhantes. “Desculpem termos bloqueado a estrada, mas isto é uma urgência climática”, dizia um cartaz.

A campanha do grupo Extinction Rebellion tornou-se conhecida a partir de Abril, quando as suas manifestações perturbaram a circulação automóvel no centro de Londres durante duas semanas. Estes protestos são a mais recente vaga de iniciativas globais para chamar a atenção e exigir acção dos decisores políticos contra as alterações climáticas. No mês passado, milhões de jovens inundaram as ruas de cidades em todo o mundo numa greve climática, inspiradas a agir pela activista sueca de 16 anos Greta Thunberg.

Durante as próximas duas semanas, são esperados protestos pacíficos em mais de 60 cidades, de Nova Deli a Nova Iorque, num apelo a que os governos reduzam as emissões de gases com efeito de estufam a zero em 2025 e travem a perda de biodiversidade no planeta.

A rufar tambores, a cantar, os manifestantes em Londres ocuparam a praça de Trafalgar e marcharam até ao Mall, a avenida que conduz ao Palácio de Buckingham, com estandartes e slogans como “as alterações climáticas negam às nossas crianças um futuro se não agirmos já”. Alguns manifestantes colaram-se a carros e postes de iluminação, dificultando a vida à polícia que pretendia detê-los.

O avô preso

Um idoso avô que levou uma lata de tinta em spray vermelha e um molde para escrever no edifício do Ministério das Finanças em Londres “Vida, e não morte para os meus netos”, foi detido pela polícia.

Lizzy Mansfield foi à manifestação com prioridades claras. “Estamos aqui porque o governo não está a fazer o suficiente para a emergência climática. Só temos um planeta e estamos aqui para defendê-lo”, disse.

A polícia anunciou que mobilizaria milhares de agentes para fazer a segurança dos protestos em Londres e que deteria qualquer pessoa que violasse a lei. No sábado, a polícia usou um aríete para entrar num edifício onde activistas tinham armazenado materiais para usar durante os protestos, e deteve oito pessoas.

Em Berlim, com temperaturas geladas, os manifestantes juntaram-se junto à Coluna da Vitória, ao nascer do sol. Alguns dormiram em sacos-cama insuflados no meio da rotunda. Não houve detenções, o protesto foi pacífico e a polícia cortou o trânsito nas cinco avenidas que ali convergem, para não haver caos no trânsito. Pelo meio-dia, a manifestação tinha cerca de 4000 pessoas.

Na quarta-feira, o governo da chanceler Angela Merkel deve aprovar o seu plano com medidas para a protecção climática que tem suscitado amplas críticas, por ter falta de ambição.

Já em Amsterdão havia autocarro atrás de autocarro para transportar os manifestantes detidos – foi essa a forma encontrada pela polícia libertar as artérias cortadas. “A crise climática não está a ser levada a sério pelos políticos, nem pelas empresas. Por isso é que me juntei a este movimento”, disse um manifestante, que só se identificou como Christiaan.

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