CDU: finalmente, uma arruada e Jerónimo encheu os olhos

Caravana da CDU andou pela Margem Sul e fez a primeira arruada em 11 dias de campanha. Trabalho e salários continuam a ser os temas fundamentais da campanha.

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LUSA/MIGUEL A. LOPES

Já parecia que a CDU estava a desperdiçar um património que lhe está no sangue, mas ao fim do 11.º dia de campanha, Jerónimo de Sousa finalmente veio para a rua e ficou muito contente com a recepção. A arruada na zona antiga da Baixa da Banheira encheu de gente a rua 1.º de Maio (sugestiva localização), nos passeios havia quem esperasse para ver o líder comunista passar, às janelas assomaram muitas senhoras e até houve quem empurrasse as pessoas para chegar junto dele, lhe apertar a mão e deixar um sonoro “Continue com a geringonça que está boa!” ou apenas perguntar pela conclusão do comboio do Alentejo. Para quem andava a dizer há dias nos discursos que sentia que a campanha da CDU estava em crescendo, era de música e colorido que estava a precisar - mesmo que fosse só por vinte minutos e 450 metros.

No discurso improvisado, Jerónimo falou de promessas feitas aqui há quatro anos e cumpridas, focando-se nos salários, pensões e abono de família, e transportes; e atirou uma para agora: a rede pública de creches para todas as crianças. Temas caros aos muitos avós que ali estavam. Como Ermelinda Vitorino, de 89 anos, que, apoiada no braço do marido Armandino Geraldes (de 81), fez questão de ir dar um beijo a Jerónimo. Ele, antigo pedreiro; ela, antiga mulher-a-dias que só tem 300 euros de reforma. Dizem ter “trabalhado muito para criar os dois filhos”, até emigraram. Ele, simpatizante comunista desde antes do 25 de Abril; ela só começou a votar PCP há uns anos (antes era socialista) mas às vezes tem dúvidas. “Vim dar-lhe um beijinho e vou dar-lhe o voto. Estava indecisa, mas agora já sei.”

De manhã, Jerónimo havia insistido nos direitos dos trabalhadores, peça fundamental nesta campanha, mas ontem com a nuance de ser especificamente sobre quem trabalha por turnos ou em laboração contínua. É como ter “a vida em contraciclo com a sociedade”, disse o líder comunista, em Almada, perante relatos de quem janta às duas da manhã e não consegue levar os filhos à escola ou mal vê o companheiro.

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