Banksy abre loja em Londres

Artista responde, assim, às pretensões de uma empresa que reclama o direito à sua marca registada. Vendas dos artigos que nela se mostram, e cujos preços começam nas dez libras, será feita online, em breve.

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Peter Nicholls/Reuters
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Instagram/Banksy
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O pequeno espaço em Croydon, Londres, já foi uma loja de tapetes mas, nas próximas duas semanas, servirá de montra às obras de Banksy, o artista de rua que concentra atenções, esteja a trabalhar na Cisjordânia ou no porto de Dover, esteja a surpreender as grandes leiloeiras com peças que se transformam aos olhos de todos.

Falamos em montra porque, embora o que lá se mostra possa ser comprado, esta loja não abrirá as suas portas — todas as vendas serão feitas online num site que ficará disponível em breve, segundo o diário britânico The Guardian. No Instagram do artista é dito que os preços destes artigos de edição limitada começam nas dez libras.

Foi na mesma rede social que apareceram as primeiras imagens da dita loja que, explica Banksy, nasceu da necessidade de marcar posição num processo em que luta pela sua marca registada. “Uma empresa que vende cartões de felicitações está a disputar a marca que associo à minha arte”, diz o artista num comunicado que tem vindo a ser citado por vários jornais desde terça-feira à tarde. “É uma tentativa de se apropriarem do meu nome para que possam vender os seus falsos produtos Banksy legalmente.”

Foi Mark Stephens, advogado especialista em direitos de autor, que aconselhou Banksy a criar uma linha de merchandise e a abrir a loja — chama-se Gross Domestic Produtcs e vem com o slogan “Where art irritates life” — para contornar a processo actual e evitar problemas no futuro. “Bansky está numa situação difícil”, disse o jurista ao Guardian, “porque não fabrica sua própria linha de produtos de má qualidade”. No Reino Unido, garante Stephens, a lei é bem clara: “Se o dono da marca não a usa, então ela pode ser transferida para quem o faça.”

No mesmo comunicado, Banksy garante que a companhia que disputa a sua marca está a contar que ele não compareça em tribunal para contestar as pretensões da empresa. “Ainda encorajo qualquer pessoa a copiar, levar emprestada, roubar e modificar a minha arte para entreter, [para usar] em pesquisas académicas ou em acções activistas. Eu só não quero que eles [a empresa] tenham a exclusividade do meu nome”, continua, desta vez citado pela BBC, demonstrando assim que a sua posição em relação aos direitos de autor não mudou.

Na nova loja londrina o artista tem à venda bolas de espelhos de discoteca feitas a partir de capacetes de polícia, almofadas em que está inscrita a frase “Life's too short to take advice from a cushion” ("A vida é demasiado curta para acatar conselhos de uma almofada”), uma mochila feita de tijolo, um relógio com um rato desenhado (os ratos são recorrentes na obra de Banksy), uma pedra tumular em que pode ler-se “You have now reached you destination” (qualquer coisa como “Acaba de chegar ao seu destino"), um brinquedo com figuras de madeira representando migrantes que as crianças são encorajadas a colocar num camião de carga, um tapete em forma de Tony the Tiger, e um berço encimado por inúmeras câmaras de vigilância.

As receitas das vendas serão investidas na compra de um barco de resgate de migrantes para substituir o que foi alegadamente confiscado pelas autoridades italianas, disse já o artista cuja identidade se desconhece. À venda no novo espaço estão, também, tapetes de boas-vindas feito a partir de coletes salva-vidas recuperados na costa mediterrânica e cosidos à mão por mulheres que se encontram em centros de detenção na Grécia. 

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Devolved Parliament vai à praça com uma base de licitação de quase 1,7 milhões de euros DR

Nesta quinta-feira, outra das suas obras — Devolved Parliament, pintura de grandes dimensões em que transforma os membros do Parlamento britânico em chimpanzés — vai a leilão na Sotheby's com uma base de licitação de 1,5 milhões de libras (1,7 milhões de euros).

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