Amnistia apela às escolas que permitam participação de alunos na greve pelo clima

Organização escreveu a 3.150 escolas de todos os níveis de ensino, públicos e privados, incluindo conservatórios e escolas profissionais. Na carta, assinada pelo secretário-geral da organização, Kumi Naidoo, pode ler-se que o direito a um planeta habitável é “como o Artigo Zero dos direitos humanos”.

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Marcha pelo clima na semana passada em Lisboa comecou no Jardim do Príncipe Real e acabou na Assembleia da República Francisco Romao Pereira

A Amnistia Internacional apelou às escolas portuguesas para autorizarem os alunos a participarem na greve climática global de sexta-feira, iniciativa que considera “a maior aula do mundo” para a humanidade.

Neste sentido, escreveu a 3.150 escolas de todos os níveis de ensino, públicos e privados, incluindo conservatórios e escolas profissionais, de acordo com a informação divulgada esta quarta-feira.

A Amnistia defende que a participação nesta greve se enquadra no exercício do direito de liberdade de expressão e reunião, “um direito fundamental que a todos assiste”.

Na carta, assinada pelo secretário-geral da organização, Kumi Naidoo, pode ler-se que o direito a um planeta habitável é “como o Artigo Zero dos direitos humanos”.

A Amnistia entende, assim, que a participação de crianças e jovens na greve às aulas e nas iniciativas associadas a esta causa não devem ser limitadas e apela a todas as comunidades educativas para se mobilizarem numa ação cívica de combate às alterações climáticas.

Três organizações sindicais entregaram pré-avisos de greve para sexta-feira, entre as quais a maior organização sindical de professores, Fenprof, e o mais recente sindicato do sector, STOP.

Escolas devem marcar falta, diz associação de directores 

Contactado pela Lusa, o presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, afirmou que vê os professores satisfeitos com este pré-aviso diferente do habitual, embora com um ponto em comum: “O ambiente tem sido maltratado como os professores”, ironizou.

À escola de Filinto Lima, em Gaia, a carta da Amnistia ainda não chegou. No entanto, considera a iniciativa “muito mais importante do que um dia de aulas”. A opinião do director não livra os alunos de falta, por uma questão de responsabilidade. “Se um aluno passa o dia fora da escola e sofre um acidente, a responsabilidade é da escola”, atestou.

As escolas deverão marcar falta, opinou, remetendo para a autonomia de cada estabelecimento de ensino a decisão de aceitar ou não a justificação dos encarregados de educação que apoiem a participação na greve e nas várias manifestações previstas. Por seu lado, a Federação nacional dos Professores (Fenprof) entregou um pré-aviso de greve para sexta-feira, dia da paralisação global pelo clima, informou a estrutura sindical na terça-feira.

Um pouco por todo o país, estão marcadas manifestações e concentrações, quase sempre para o período da tarde, para abarcar o maior número de pessoas possível. “É um acto cívico e de consciencialização muito importante. Gostava muito que os alunos portugueses participassem”, confessou.

Dezenas de cidades e localidades portuguesas marcaram iniciativas para esta semana destinadas a marcar uma posição na luta contra as alterações climáticas, dando seguimento ao movimento iniciado pela jovem activista sueca Greta Thunberg.

Está prevista a participação de 170 países nesta greve global pelo clima, com milhares de eventos a correr o mundo pelas redes sociais.

Mais de quatro milhões de pessoas fizeram greve pelo clima na sexta-feira, de acordo com os números publicados por Greta Thunberg no Facebook. “Esta sexta-feira, vamos fazê-lo outra vez”, apela.

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