Mais de 90% do crédito automóvel foi “vendido” pelos stands

Crédito ao consumo nos pontos de venda aumentou para 45,9% em 2018. Número de intermediários de crédito autorizados já vai em 4402.

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Compra de carros com empréstimo sem sair do stand é a prática mais comum LUSA/ANDRÉ AREIAS

O crédito ao consumo contratado no momento de compra de bens, desde automóveis, electrodomésticos, telemóveis e muitos outros, tem vindo a crescer nos últimos anos, representando 45,9% em 2018, um aumento de 5,3% face aos dois anos anteriores. Na compra de automóveis com recurso a empréstimo, os intermediários de crédito, maioritariamente stands, “venderam” a quase totalidade (91,3%) do crédito concedido em 2018 para este fim. Ou seja, directamente, os bancos e outras instituições de crédito especializado só contrataram 8,7% do volume de crédito automóvel, revela a Sinopse das Actividades de Supervisão do Banco de Portugal (BdP), publicada esta quarta-feira.

A importância dos intermediários de crédito, que também colocam crédito à habitação, com destaque para as empresas de mediação imobiliária, forçou a regulamentação desta actividade a nível comunitário, obrigando à autorização e ao registo pelos supervisores bancários de cada país. E os números de pedidos de registo apresentados ao BdP são elevados: de 1 de Janeiro de 2018 a 30 de Junho de 2019, o BdP recebeu 6112 candidaturas, autorizando 4402. A larga maioria (77,9%) para actuar no crédito ao consumo, 18,3% no crédito à habitação (com destaque para imobiliárias) e apenas 3,8% nos dois tipos de crédito em simultâneo.

A larga maioria dos intermediários registados são pessoas colectivas (85,9%) e têm actividade principal no comércio, manutenção e reparação de veículos automóveis e motociclos (51,6%), no ramo imobiliária (20,7%) e no comércio a retalho (14,0%). A generalidade (99,9%) exerce a actividade em representação e sob a responsabilidade de instituições bancárias, com apenas quatro a actuar de forma independente.

A grande maioria está registada na categoria de intermediário de crédito a título acessório (75,3%), o seja, desenvolve a actividade de forma complementar, tendo em vista a venda dos bens ou a prestação dos serviços que constituem a sua actividade principal.

Os dados divulgados mostram ainda que, em média, cada banco celebrou contratos de vinculação com 324 intermediários de crédito; 11 instituições mantinham redes de mais de 500 intermediários (grandes cadeias comerciais). E que no final de Julho de 2019, também actuavam em Portugal 16 intermediários de crédito autorizados noutros Estados-Membros.

A quase totalidade dos intermediários de crédito dispõe de estabelecimentos abertos ao público, com apenas 71 deles a exercer a actividade exclusivamente através de meios de comunicação à distância.

O número de intermediários de crédito autorizados a prestar serviços de consultoria ficou-se por 519 (11,8%).

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