“Nós não vamos falhar” no combate às alterações climáticas, diz Marcelo

Na Cimeira do Clima, o Presidente da República explicita a ambição de Portugal de neutralidade carbónica para 2050, com metas já para 2030, sem lhe restar outra alternativa se não desfiar as políticas do Governo.

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O Presidente da República e o Secretário-Geral das Nações Unidas juntos pelo clima em Nova Iorque LUSA/UN Photo/Evan Schneider

Portugal respondeu ao desafio do secretário-geral das Nações Unidas e levou à Cimeira do Clima um plano com o qual pretende chegar a 2050 com a missão cumprida: estar na primeira fila dos países a atingir a neutralidade carbónica, tal como foi o primeiro a comprometer-se com esse objectivo. 

O Presidente da República e o ministro do Ambiente levaram a Nova Iorque as palavras e as promessas. Coube a Marcelo Rebelo de Sousa dar-lhes voz e o tom foi grave. “Muito tempo já foi perdido. Complacência e indiferença não são mais toleráveis”, disse, perante as Nações Unidas. Dirigiu-se mesmo aos países que não assinaram o Acordo de Paris e àqueles que, tendo assinado, dele se afastaram, e afirmou que esta cimeira climática representa “um passo muito positivo de que estamos no caminho certo”. "Que não se diga que nós falhámos. Nós não vamos falhar o combate às alterações climáticas”, disse já no final do discurso.

Portugal foi apresentado como exemplo e o Presidente explicou porquê. “Fomos o primeiro país a comprometer-se em ser neutro em carbono em 2050. Assumimos o compromisso de cumprir integralmente o Acordo de Paris”. “Somos membros do painel de alto nível para uma Economia oceânica, que lançou hoje uma chamada transformadora acção climática baseada no oceano”.

Marcelo desfiou então a política do ambiente definida pelo Governo para cumprir os grandes objectivos: “O nosso roteiro de neutralidade de carbono 2050 é a estratégia de longo prazo para a redução das emissões de gases de efeito estufa, que apresentamos com um ano de antecedência”.

Como? Também disse: “Alcançaremos esse objectivo por meio de sistemas de energia totalmente descarbonizantes e mobilidade urbana e através do sequestro de carbono mais forte das florestas e outros usos da terra, usando soluções baseadas na natureza”.

Teve mesmo de parafrasear aquilo que António Costa tem dito nos debates pré-eleitorais sobre a estratégia ambiental do Governo: “A próxima década é crítica. Por isso, reforçamos nossa ambição para 2030 visando reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 50%, atingir um objectivo de eficiência energética de 35% e produzindo 80% da electricidade a partir de fontes renováveis, fazendo a eliminação total do carvão.”

O Presidente da República puxou dos galões do caminho já percorrido e lembrou que, hoje, Portugal já produz 54% de energia a partir de fontes renováveis, já iniciou a eliminação progressiva dos subsídios aos combustíveis fósseis e está a restaurar ecossistemas marinhos degradados. Lembrou ainda que o país está a organizar, juntamente com o Quénia, a Conferência do Oceano das Nações Unidas, que decorrerá em Lisboa em Junho de 2020.

“O desafio crítico das mudanças climáticas tem sido a marca registada da liderança inteligente e visionária de António Guterres”, tinha começado por dizer, elogiando também Greta Thunberg como símbolo da mobilização, consciencialização e activismo dos jovens.

A terminar a sua intervenção, Marcelo resumiu assim a ambição de Portugal: “O nosso objectivo é a neutralidade de carbono até 2050. Incluindo a sociedade civil e o sector privado. Preservar os habitats naturais e a biodiversidade. E criar emprego!”

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