Vencedores e vencidos das eleições na Madeira

Houve vitórias e derrotas nas eleições de domingo, mas algumas derrotas não deixaram sabor amargo.

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LUSA/GREGÓRIO CUNHA


Rui Rio e Assunção Cristas — Um empurrão bem-vindo

Os resultados dos sociais-democratas madeirenses permitiram a Rui Rio falar de 43 anos de vitórias do PSD no arquipélago e dizer que o resultado normal, nos dias de hoje, é não se ganhar por maioria absoluta. Mas o próprio Rio, com inesperada franqueza, tratou de relativizar. A vitória na Madeira “moraliza sempre”, mas “seria cínico” não reconhecer que as europeias também tiveram impacto. Já Assunção Cristas capitalizou até ao tutano os três deputados conquistados pelo CDS na Madeira que lhe asseguraram o estatuto de parceiro indispensável do PSD. Cristas falou da maioria de direita da Madeira com uma força que não tem usado no continente.

António Costa — Triplete distante

O secretário-geral do PS tinha dito que queria ganhar as três eleições deste ano na Madeira, mas, em vez desse 3-0 o resultado vai em 0-2. O PS também já tinha perdido as europeias na Madeira, ao arrepio da grande vitória que obteve em Maio no continente. O secretário-geral do PS andou com o candidato socialista pela mão em vários momentos, dando espaço para os sociais-democratas recuperarem um narrativa tão próxima de Alberto João Jardim: o centralismo de Lisboa.

Emanuel Câmara — As fichas todas em Cafôfo

Foi o rosto de uma estratégia que prometia muito e ficou aquém do objectivo. Por outro lado, rendeu ao PS a retirada da maioria absoluta ao PSD e o melhor resultado de sempre no arquipélago. Quando, logo após as autárquicas, desafiou a liderança de Carlos Pereira no PS-M, Câmara acenou com o nome de Paulo Cafôfo para encabeçar um projecto de governo. A estratégia entusiasmou militantes e começou por agregar o voto anti-PSD e quase chegava lá.

Paulino Ascenção — BE varrido do Parlamento

Chegou à liderança no ano passado, fazendo regressar a ala que formou a UDP na Madeira. As lutas internas dividiram o partido, que pagou nas urnas por essa divisão. Não conseguiu traduzir em votos o bom momento do Bloco a nível nacional, nem mobilizar o eleitorado à esquerda, mais seduzido pela oportunidade que o PS oferecia para mudar o governo regional. Não foi uma noite de boa memória.

José Manuel Coelho — Ponto final?

O PTP, que nos últimos anos estava pessoalizado em Raquel Coelho, a filha de José Manuel Coelho, desaparece do parlamento madeirense. A bipolarização destas eleições e o aparecimento de outros partidos pulverizaram o voto de protesto que o populismo de Coelho vinha conseguindo nas capitalizar nas eleições regionais dos últimos anos.

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