Quem quer estudar cannabis medicinal?

“Portugal tem uma janela dourada para fazer exportação, criar emprego jovem fora das grandes cidades, e altamente qualificado, mas para isso é preciso formar quadros”, considera o director primeira pós-graduação em cannabis medicinal, que arrancou no Laboratório Militar, em Lisboa.

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Reuters/OGNEN TEOFILOVSKI

Médicos, farmacêuticos e engenheiros bioquímicos fazem parte de um grupo de 25 alunos que iniciaram esta sexta-feira, 20 de Setembro, a primeira pós-graduação em boas práticas de produção aplicadas à cannabis medicinal em Portugal, no Laboratório Militar, em Lisboa.

A formação resulta de uma iniciativa conjunta do Observatório Português de Canábis Medicinal (OPCM), do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos e da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (FFUL), em parceria com a Associação para o Desenvolvimento do Ensino e Investigação em Microbiologia, adiantou o OPCM em comunicado.

A lei da cannabis medicinal, que entrou em vigor a 1 de Fevereiro, estabeleceu o quadro legal para a utilização de medicamentos, preparações e substâncias à base da planta da cannabis para fins medicinais.

“Desta forma, toda a cadeia de produção e desenvolvimento, desde o cultivo da planta à sua preparação e distribuição, deve ser monitorizada e controlada, para garantir que todos os produtos são produzidos de acordo com as boas práticas e requisitos aplicáveis, como a certificação GMP [Good Manufacturing Practices]”, afirmou o director do programa, Rui Loureiro, professor convidado da FFUL.

Para Rui Loureiro, este imperativo cria “novos desafios a todos os intervenientes no circuito farmacêutico”. “Portugal tem nesta ocasião uma janela dourada para fazer exportação, criar emprego jovem fora das grandes cidades, e altamente qualificado, mas para isso é preciso formar quadros especializados para as necessidades objectivas desta indústria”, defendeu o especialista em farmacêutica industrial e membro do Board European Health Futures Forum.

No entender de Rui Loureiro, este será o “grande valor competitivo” de Portugal nesta indústria “altamente regulamentada”. “Portugal não é competitivo só pelo clima. Qualquer país na orla do Mediterrâneo e noutras zonas pode fazer cultivo destas plantas, e já estão a fazê-lo. Se queremos ser competitivos tem de ser por uma única matéria diferenciadora, ter técnicos altamente qualificados”, sustentou à Lusa.

Segundo o OPCM, as duas primeiras edições da pós-graduação, que já estão esgotadas, contam com alunos de todas as áreas relacionadas com o ciclo de produção da cannabis para fins medicinais, desde o cultivo à extracção, passando pelo armazenamento ou distribuição, entre muitas outras.

A primeira pós-graduação decorre até 14 de Dezembro, arrancando a segunda edição em Janeiro de 2020. Rui Loureiro destacou a importância desta formação reconhecida na própria lei da cannabis medicinal. “É o nosso contributo para que Portugal tenha oportunidade de vingar nesta indústria exportadora e criadora de emprego jovem, qualificado e fora das grandes áreas urbanas”, onde boa parte das empresas tem projectos em análise ou em montagem.

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