Medina traça nova meta para obras em escolas básicas e já pensa nas próximas

Presidente da câmara foi a Marvila e ao Beato ver escolas reabilitadas e garantiu a conclusão do programa Escola Nova em 2020. Há uns anos, a meta era 2017.

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daniel Rocha

A cantiga que os alunos da Escola Básica Prof. Agostinho da Silva prepararam para receber Fernando Medina parecia feita à medida de uma campanha eleitoral. “Em nós podem confiar, em nós razão para sonhar, em nós não vence o temor, por nós inventar o amor”, cantarolaram as crianças ao ritmo de Go West, dos Pet Shop Boys.

Mas não estavam ali para convencer ninguém a votar neles. Acabam de estrear uma escola praticamente reconstruída de raiz e andam a conhecer os cantos à casa. “Gostei de tudo!”, grita um menino do primeiro ano. “Vais ver quando chegar a Matemática”, ri-se o presidente da câmara de Lisboa.

A EB Prof. Agostinho da Silva, em Marvila, reabriu este ano lectivo após grandes obras de reabilitação que rondaram os 3,5 milhões de euros. Foi uma das poucas do programa camarário Escola Nova que não teve atrasos. Há cinco ou seis meses, se dissessem que o estabelecimento estaria pronto a tempo do recomeço das aulas, o presidente da junta não acreditaria. José António Videira andava por ali, via o miolo da escola em obras e temia que lhe calhasse uma fava semelhante à da escola Teixeira de Pascoaes, em Alvalade, ou à do Bairro do Restelo, em Belém, cujos prazos têm derrapado sucessivamente.

Não aconteceu. “O que existia era praticamente só paredes, lajes em tosco e pouco mais”, lembra Alexandre Marques Pereira, arquitecto responsável pela reabilitação. A escola era essencialmente composta por dois blocos, que aquando da sua abertura, nos anos 1960, se destinavam à separação entre meninos e meninas. Nestas obras foi acrescentado um refeitório novo, um ginásio e um corredor entre os dois edifícios.

“Procurou-se reforçar a ligação entre o interior e o exterior”, explica o arquitecto, mostrando os pequenos pátios que dão para as salas do jardim-de-infância, o corredor sem janelas que permite a ventilação natural, a açoteia do primeiro andar que pode ser usada como prolongamento da biblioteca lá para fora. A arquitectura original já privilegiava a relação com a luz, mas Alexandre Marques Pereira quis potenciá-la. “As salas quase não precisam de luz artificial”, faz notar, enquanto Fernando Medina as vai percorrendo e metendo conversa com as crianças.

O presidente da câmara, que de Marvila seguiria para o Beato para outra visita a uma escola, diz que a Agostinho da Silva, no Vale Fundão, pode vir a ter alunos dos 5º e 6º anos brevemente. “Com as intervenções deste ano e as do próximo daremos por concluído o programa Escola Nova”, adianta Medina, já de olhos postos no lote de escolas que o Estado entregou à autarquia no âmbito do pacote de descentralização de competências: as do Secundário e as do 2º e 3º ciclos.

Nestas últimas há “necessidades muito significativas” de obras, afirma o autarca. As escolas básicas são responsabilidade da câmara e têm vindo a ser intervencionadas na última década; as secundárias tiveram, em grande parte, intervenções da Parque Escolar. Sobrou esta “área do meio”, assim lhe chama Medina, que “era uma responsabilidade do Estado” e ficou meio esquecida. “Foi essa a razão principal para aceitarmos a competência”, revela o presidente da câmara.

Segundo o autarca, neste ano lectivo ficaram prontas as obras em sete escolas incluídas no programa Escola Nova, o que contribuiu para um aumento de 500 vagas nos jardins-de-infância acoplados. Até agora, em mais de dez anos, foram feitas cerca de 85 intervenções ao abrigo desse programa. Ele devia ter sido concluído em 2017, mas só o será, na melhor das hipóteses, em 2020. “Uma das dificuldades que encontrámos foi a inexistência de um plano de manutenção regular”, diz Medina, o que na sua perspectiva justifica, em parte, os atrasos que o Escola Nova conheceu. 

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