Cinema, vigílias e esperança: é a semana da Mobilização Global pelo Clima

De 20 a 27 de Setembro, a semana da Mobilização Global pelo Clima é uma chamada de emergência dos jovens face à crise climática. São oito dias de actividades gratuitas, entre as quais o CineClima, “o primeiro ciclo de cinema em Portugal exclusivamente sobre clima”.

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MIGUEL MANSO

“É demasiado tarde, não há futuro”: é nisto que acreditam os jovens protagonistas do filme A Hora da Saída (Sebastién Marnier, 2019), uma história ficcional sobre o impacto das alterações climáticas que se estreia em Portugal esta sexta-feira, 20 de Setembro, no âmbito na Mobilização Global pelo Clima. Esta é uma das actividades gratuitas previstas para a semana de sensibilização, que se prolonga até 27 de Setembro, data da greve climática global. E na vida real, ainda há esperança no futuro do planeta?

Insatisfeitos com as medidas que estão a ser tomadas face à crise climática que o planeta atravessa, os jovens da Greve Climática Estudantil prepararam estreias de filmes, greves, vigílias, debates e workshops ao longo da semana de Mobilização Global pelo Clima, que arranca já está sexta-feira. 

Neste primeiro dia da semana de protestos haverá uma marcha nocturna por Lisboa, com início às 21 horas no Príncipe Real e término na Assembleia da República, seguida de uma vigília. Também no Porto está agendada uma vigília, em frente à Câmara Municipal, das 21 horas de sexta-feira às 8 horas de sábado. E outras iniciativas se desenvolvem: o Mãos à Obra, que pretende limpar as praias de Norte a Sul de Portugal e o Dia Europeu Sem Carros (ambas a 22/9); um desfile contra a fast fashion, um workshop de escultura “à base de lixo”; debates; e o içar de bandeiras verdes nos municípios. Tudo isto culmina numa última actividade: uma greve climática global, agendada para 27 de Setembro.

Além desta agenda, está também a ser preparado o festival CineClima, que se apresenta como “o primeiro ciclo de cinema em Portugal exclusivamente sobre clima, com sessões descentralizadas, todas de entrada livre e seguidas de debate com a audiência”, adiantou o coordenador Diogo Silva ao P3. “O clima está em crise, os direitos humanos estão em causa e temos dez anos para reduzir emissões globais para metade”, podemos ler na página do festival, uma colaboração promovida pela 2 degrees artivism com mais de 30 organizações nacionais e internacionais.

São mais de 40 sessões, entre 20 e 26 de Setembro, espalhadas por mais de dez cidades de Norte a Sul do país. Esta sexta-feira vai ser possível assistir à estreia nacional de A Hora da Saída, do realizador francês Sebastién Marnier, no Cinema City Alvalade, em Lisboa, pelas 21h30. “Escolhemos A Hora da Saída como sessão de abertura precisamente porque é um óptimo ponto de partida para o que queremos”, explica Diogo Silva. “Fala sobre uma das injustiças estruturais que vivemos e tem sido uma força motriz das greves climáticas estudantis: a injustiça intergeracional.”

A consciência inerente ao pensamento dos jovens quanto à qualidade do mundo que herdaram é cada vez mais activa. Em entrevista a um grupo de jovens activistas, o realizador afirmou que todos somos os responsáveis pelo mundo que os jovens do filme — que é uma adaptação do romance homónimo de Christophe Dufossé — rejeitam e chama à atenção para a actualidade do mesmo, tendo em conta que foi filmado há dois anos.

“A juventude de hoje prova-nos que ainda sabe lutar”, afirmou Sebastién Marnier. Influenciados pela activista sueca Greta Thunberg, os jovens já tentaram alertar — globalmente por duas vezes — para a situação preocupante que estamos a viver. A 15 de Março último juntaram-se em milhares de vilas e cidades em todo o mundo para uma greve climática estudantil, tendo repetido o feito a 24 de Maio.

Uma das exigências dos jovens do movimento Greve Climática Estudantil é que o Governo “faça da resolução da crise climática a sua prioridade, cumprindo com seriedade o Acordo de Paris e as metas ambientais estabelecidas pela União Europeia.” Em comunicado, a organização da Mobilização Global pelo Clima afirma que exige “o encerramento das centrais a carvão até ao fim da próxima legislatura e das centrais a gás até 2030, o fim dos contractos petrolíferos em vigor, o cancelamento de quaisquer grandes projectos que acarretem aumento de emissões, como expansões portuárias e aeroportuárias, a criação uma indústria pública que lidere o processo de produção de energia renovável, a expansão dos transportes públicos e a gratuitidade na próxima legislatura, enquanto algumas das medidas cruciais de acção climática urgente.”

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