Seinfeld muda de casa e chega à Netflix em 2021

A comédia dos anos 1990 está disponível em Portugal via Amazon, mas o novo acordo multimilionário tornará Jerry, Kramer e Elaine em vizinhos exclusivos de Eleven e Stranger Things.

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A série sobre nada que este ano cumpre o seu 30.º aniversário vai passar a estar disponível na íntegra na Netflix. A mudança de casa vai acontecer só em 2021, mas é um trunfo significativo para a Netflix depois de a plataforma de streaming ter perdido há meses outro campeão das sessões de visionamento em repeat que é Friends.

O anúncio foi feito pela Netflix via redes sociais e foi noticiado em primeira mão pelo diário Los Angeles Times, revelando que a série vai sair da sua actual casa digital nos EUA, o serviço Hulu (que não está presente em Portugal), e estará disponível em todos os mercados que a Netflix acumula pelo mundo em 2021. Em Portugal, Seinfeld está disponível em streaming no serviço Amazon Prime Video desde 2017. A Netflix garante no Twitter que Seinfeld estará “mundialmente!” no seu serviço, num acordo que pressupõe exclusividade.

Seinfeld estreou-se há precisamente 30 anos nos EUA e tornou-se uma das comédias mais respeitadas e influentes da história da televisão. Criada por Larry David e Jerry Seinfeld e protagonizada pelo comediante que lhe dá o nome, Seinfeld teve uma carreira atribulada no canal norte-americano NBC — nem sempre foi uma campeã de audiências, enfrentava a concorrência de comédias generalistas bem mais populares (e popularuchas, como Obras em Casa) e tinha um humor seco, niilista e revelador dos piores instintos da banalidade de cada uma das suas personagens. Jerry Seinfeld, George Costanza, Elaine Benes e Cosmo Kramer tornar-se-iam, ao longo da década de 1990 que ajudaram a definir, em símbolos de uma forma de escrever e de fazer televisão.

No total, são nove temporadas e 180 episódios que originalmente passaram em Portugal na TVI e depois foram repostos na SIC Radical. Nos EUA, era uma das mais-valias do Hulu dado que as plataformas de streaming vivem tanto dos seus títulos de produção original quanto da biblioteca de séries com grande potencial de reposição e consumo repetido como Friends, O Sexo e a Cidade, O Escritório, Parks and Recreation ou A Teoria do Big Bang, para citar alguns exemplos que atravessam as décadas.

O actual redesenho do mercado através da concentração de serviços de streaming que privilegiarão conteúdos dos estúdios, canais e produtoras que os detêm — a HBO Max com os conteúdos da Warner Bros. ou HBO, o Disney + com tudo o que é Marvel, Disney ou Fox, por exemplo — faz com que os catálogos da Netflix, Hulu ou Amazon estejam em período de transição. E se Friends, que teve toda uma nova vida na Netflix, viajou este ano para a HBO Max, agora Seinfeld será vizinho de Stranger Things. Quem ficou a perder foi também o futuro serviço da NBCUniversal, que envolve o canal que primeiro exibiu Seinfeld nas suas noites.

Os valores do negócio não foram revelados, mas sabe-se que este acordo tem a duração de cinco anos e que é o primeiro que reúne os direitos de exibição globais da série com o “nazi da sopa”. O Hulu pagava 150 milhões de dólares por ano para ter Seinfeld no seu catálogo e os valores despendidos pela Netflix serão muito superiores, disseram fontes próximas do negócio ao diário de Los Angeles. A Netflix já tem títulos de Seinfeld na sua oferta, como a série Comedians in Cars Getting Coffee e o seu espectáculo de stand-up Jerry Before Seinfeld.

Em comunicado enviado ao LA Times, tanto o presidente para os conteúdos da Netflix, Ted Sarandos, quanto o presidente da produtora Sony Pictures Television, Mike Hopkins, elogiaram Seinfeld pelo seu lugar central na cultura popular. “Seinfeld é a comédia televisiva segundo a qual toda a comédia televisiva é medida”, diz Sarandos. “É uma série única, icónica e que define a cultura”, diz o responsável da Sony — que também tem outra parceria milionária com a Netflix sob a forma de Breaking Bad e do seu novo filme spinoff —, “que continua a ser central”.

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