A batalha das nossas vidas

São precisos compromissos políticos urgentes para alterações profundas na maneira como produzimos energia, como nos movemos, como nos alimentamos, como lidamos com a Natureza.

Aos poucos, as alterações climáticas vão passando dos alertas científicos para o dia-a-dia. Os mosquitos já quase não aparecem, apesar das noites cada vez mais quentes, os frutos e as flores trocam estações, o termómetro sobe, sobe, mas não sabemos quando o céu pode abrir as comportas...

São sinais quotidianos das mudanças profundas, com consequências devastadoras, que está a sofrer o planeta devido ao aquecimento global provocado pelas emissões de carbono. A desertificação, a ferocidade dos incêndios florestais, os fenómenos meteorológicos extremos, a subida do nível da água dos mares, são a face mais grave de um problema global que vai alterar significativamente as nossas vidas nos próximos anos.

Que parte do mundo ainda negue a evidência científica da acção humana no aquecimento global só serve para aumentar o sentido de urgência com que decorrerá dentro de uma semana a Cimeira da Acção Climática, convocada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. São precisos compromissos políticos urgentes para alterações profundas na maneira como produzimos energia, como nos movemos, como nos alimentamos, como lidamos com a Natureza. O que cada um possa fazer no seu dia-a-dia para minorar o impacto no ambiente é um excelente princípio, mas para fazer mesmo a diferença são imperiosas mudanças a uma escala muito maior e é isso que é necessário exigir a quem nos representa e nos governa.

“Esta é a batalha das nossas vidas”, disse António Guterres, uma afirmação que este jornal subscreve, com a noção de que muitos de nós dificilmente verão a vitória. A dificuldade da empreitada, o ritmo das alterações e a consciência de que serão precisos muitos anos para inverter o desarranjo a que chegámos dá-nos a consciência de que este é um problema que ficará para as gerações mais novas enfrentarem e imporem soluções.

Este sentimento de injustiça em relação às gerações a quem deveríamos entregar um mundo melhor tem de reflectir-se na necessária urgência de convocar todos para a procura de respostas. Consciente das obrigações próprias da imprensa, o PÚBLICO, que há muito se empenha no noticiário sobre ambiente, junta-se hoje a 250 órgãos de comunicação social de todo o mundo, entre jornais, rádios, televisões, blogues e podcasts, reforçando durante uma semana a cobertura noticiosa sobre a crise climática na iniciativa “Covering Climate Now”. Porque já não há dúvida de que esta é a batalha para que todos estamos convocados.

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